Militares que apoiaram o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a ganhar a eleição presidencial em 2018 estão se articulando para apoiarem outro candidato no pleito eleitoral do ano que vem. Liderado por oficiais da reserva, o movimento ficou mais forte após o retorno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao jogo político, depois que Edson Fachin, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou as condenações do petista.
O jornal O Globo ouviu um coronel da reserva e 7 generais que saíram em defesa de uma terceira via. Seis dos militares já estiveram no Governo Bolsonaro. O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, que já foi ministro da Secretaria de Governo, afirmou que o centro está vivendo um bom momento agora, pois "um grupo se perdeu na corrupção e outro não sabe governar". Segundo ele, a eleição existe justamente para corrigir os erros. “Precisamos voltar à normalidade e ao equilíbrio”, afirmou Santos Cruz ao jornal.
O general Maynard Santa Rosa segue caminho parecido. O militar foi secretário de Assuntos Estratégicos até o mês de novembro de 2019.
Segundo Santa Rosa, seria um “retrocesso inaceitável” a volta do PT, mas o governo atual não estaria conseguindo honrar seu próprio discurso e cumprir o que era esperado por todos.
Na semana passada, o general da reserva Paulo Chagas compartilhou em grupos de militares no WhatsApp a mensagem de que é preciso renovar, que o país estaria sem rumo e que é chegado o momento de defender uma terceira via. Chagas recebeu o apoio de Bolsonaro em 2018, quando concorreu ao governo do Distrito Federal. Segundo O Globo, o general afirmou que é "significativo" o número de pessoas que estão decepcionadas com a atuação de Bolsonaro.
Um dos generais, que falou com o jornal de maneira anônima, também foi mais um que declarou a preferência por uma terceira via e declarou que o movimento neste sentido está crescendo entre os oficiais.
Militares da ativa, entretanto, não podem dar opiniões políticas publicamente. O desgaste que Jair Bolsonaro tem provocado nas Forças Armadas tem gerado forte descontentamento no meio militar, principalmente depois da maneira que o líder do Executivo tratou o então ministro da Saúde Eduardo Pazuello.
Sergio Moro
A questão que fica é quem será o nome que os militares irão apoiar? Insatisfeitos com Bolsonaro, os oficiais entrevistados pelo periódico ainda apoiam a Operação Lava Jato e não gostaram da decisão do Supremo de declarar Sergio Moro suspeito no julgamento do ex-presidente Lula. Desta maneira, um apoio ao ex-juiz e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública de Jair Bolsonaro é uma opção.