Guilherme Boulos (PSOL) tem ganhando espaço no cenário político nacional. O professor de filosofia, escritor, psicanalista e ativista foi candidato à presidência da República em 2018, obtendo pouco mais de 600 mil votos. Em 2020, concorreu a prefeito da cidade de São Paulo, onde teve melhor desempenho, chegando ao segundo turno, quando alcançou mais de dois milhões de votos. O nome forte do PSOL é cogitado para concorrer a governador do estado de São Paulo em 2022 ou até ser uma opção da esquerda na corrida presidencial.
Nesta segunda-feira (19), Boulos concedeu entrevista ao jornalista Breno Altman, do portal de notícias Opera Mundi.
Cenário político atual
O político começou a entrevista comentando sobre o momento de Jair Bolsonaro (sem partido). Segundo Boulos, o presidente está cada vez mais desprestigiado. "Eu acho importante a gente dizer o quanto o Bolsonaro já se desgastou. O Bolsonaro tava com uma aprovação no início do Governo, em 2019, antes da pandemia, que era uma aprovação de mais de 50%. Hoje, sobrou na última pesquisa 25% [ou], 26% de aprovação do governo. Ele teve no ano passado derrotas importantes. Além da derrota política do Trump, nos Estados Unidos, que impacta muito na política dele, de isolamento dele em termos internacionais, você teve a derrota dele nas eleições municipais. Bolsonaro não levou praticamente nenhuma capital", disse.
Para Guilherme Boulos, o auxílio emergencial melhorou um pouco a imagem do presidente. "E você tem o auxílio emergencial ano passado que deu ao Bolsonaro uma base popular, porque atribuiu a ele, ainda que não seja essa a realidade, a responsabilidade por ter dado o auxílio de seiscentos [reais]. Isso já começou a cair nesse ano", afirmou.
Pandemia e economia
Para Boulos, as ações de Bolsonaro na economia e na condução do enfrentamento a pandemia do coronavírus também são pontos falhos do atual governo. "A ideia que ele vendeu de que a pandemia tinha uma saída, era cloroquina, era imunidade de rebanho, era qualquer coisa assim, essa ideia já se mostrou falsa para o país, e por isso ele está perdendo aprovação nesse momento.
A perspectiva das pessoas saírem da crise econômica hoje não existe com Bolsonaro no governo: 14 milhões de desempregados, quase vinte milhões de pessoas com fome e o auxílio emergencial que não dá para nada", criticou.
De acordo com o político, a esquerda deve alinhar forças para tentar derrotar Bolsonaro na eleição do ano que vem. "O primeiro passo é a construção de uma mesa permanente de unidade, desde já, não só pensando em 2022, mas pras batalhas de 2021: batalha pelo auxílio emergencial contra a fome, batalha pela vacinação, pelo fortalecimento do SUS [Sistema Único de Saúde] e medidas de combate a pandemia, batalha pelo impeachment, que você tenha uma mesa que organize isso", aconselhou.