O ex-presidente da República Michel Temer (MDB) concedeu entrevista nesta quarta-feira (14) ao programa "Pânico", da rádio Jovem Pan. O político, que presidiu o país por dois anos após o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, falou de política, economia e saúde.
Bolsonaro iniciou com pé direito, segundo Temer
No início da conversa, o ex-presidente comentou sobre o início do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). “Para onde vai o Brasil? Na verdade, eu dei início a uma agenda reformista no Brasil e deu muito resultado. Eu acho que o governo irá bem, e convenhamos, eu acho que o governo começo bem quando deu sequência às teses do meu governo.
Você percebe que nós reduzimos muito a inflação, juros, etc. Fizemos reformas, e o governo logo no primeiro instante, no começo de 2019, deu sequência a isso. Continou a reduzir os juros, continuou a reduzir a inflação, levou adiante a discussão da reforma tributária, reforma administrativa”, elogiou.
Segundo Temer, a pandemia do coronavírus prejudicou o andamento das ações do atual governo. “Mas evidentemente, nós somos obrigados a reconhecer, essa pandemia de alguma maneira zerou tudo. Deu uma paralisada em tudo aquilo que o governo esteve fazendo, porque teve que voltar os seus olhos para preservar a vida. A história dos bilhões que foram para os mais vulneráveis, para micro e pequenas empresas.
O próprio Congresso Nacional voltou-se inteiramente para isso. Então, nós temos nesse momento, e acho que é essa tese do governo, o governo tem que combater essa pandemia. Nós temos que superá-la de alguma maneira, e ao mesmo tempo recuperar a economia”, comentou.
Presidentes e o Centrão
Uma promessa de campanha do atual presidente Jair Bolsonaro era de não se aliar com o Centrão, o que caiu por terra nos últimos meses.
O ex-presidente disse que não vê problema nessa relação com os deputados dessa classe. “Eu tive uma breve experiência como presidente da República, mas uma longa experiência na vida pública. Veja bem, o presidente da República quando assume, não vou exagerar, ele deve ter uns quatrocentos ou quinhentos cargos pra nomear. E ele não tem quinhentos nomes na cabeça pra botar em todo lugar.
O que é natural que venham sugestões. E não é inviável que venham sugestões da classe política”, argumentou.
Sobre Bolsonaro, que tem sido alvo de diversas ações que pedem seu afastamento do cargo, Temer discorda. "Questão do impeachment eu confesso a vocês que eu sou radicalmente contra o impedimento do presidente nesse momento. Aliás, eu devo dizer que todo impeachment é traumático. Eu passei por esse momento e vocês acompanharam. Quando cai um presidente por meio do impedimento, sempre cria um trauma político. Nesse momento nós estamos numa pandemia violentíssima (...) Imagine você misturar a pandemia com um pedido de impeachment?", justificou.