A cada dia que passa, novos elementos vão surgindo sobre o escândalo da compra da Covaxin pelo Governo federal. Na última semana, o site The Intercept Brasil publicou que o embaixador brasileiro na Índia, André Aranha Corrêa do Lago, avisou de maneira oficial o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que o imunizante indiano estava tendo problemas para ser autorizado na própria Índia.
Segundo o que foi reportado pelo site, o governo federal ignorou os avisos do embaixador brasileiro e deu prosseguimento às negociações. O governo federal já havia empenhado a verba em uma negociação fora dos padrões.
Ao invés de haver uma negociação feita diretamente entre o Ministério da Saúde e a empresa fabricante da vacina, as negociações estavam sendo feitas por meio de intermediários. O pagamento foi bloqueado no último instante por Luis Ricardo Miranda, um servidor do Ministério da Saúde que afirmou que desconfiou de estar acontecendo um esquema de corrupção, dizia a reportagem do The Intercept.
Bloqueado
Luis Ricardo Miranda é irmão do deputado federal Luis Miranda (DEM). Os dois prestaram depoimento na última sexta-feira (25) à comissão parlamentar de inquérito (CPI) da Covid no Senado, que investiga as ações e eventuais omissões do governo federal na gestão da pandemia.
No último domingo (27), Luis Ricardo Miranda foi bloqueado no sistema do Ministério da Saúde.
Por causa da denúncia, o servidor de carreira agora passou a ser perseguido pelo governo federal. O presidente Jair Bolsonaro chegou até mesmo a acionar a Polícia Federal (PF) para investigar os irmãos Miranda.
Superfaturamento
O contrato entre a pasta da Saúde e a empresa Precisa, a representante da vacina da Índia no Brasil, mostrava que havia superfaturamento da vacina.
Nesse mais recente escândalo de corrupção do governo de turno, ainda está envolvido o pagamento feito de forma antecipada da quantia de US$ 45 milhões à empresa de Singapura Madison Biotech, que, de acordo com os senadores da CPI da Covid, trata-se de uma empresa de fachada.
Ricardo Barros
O deputado federal Ricardo Barros (Progressistas-PR), líder do governo federal na Câmara, foi o autor da emenda que permitiu a importação da vacina da Índia, da farmacêutica Bharat Biotech.
No mês de fevereiro, Barros apresentou a emenda 117/2021 à medida provisória 1026.
A Medida Provisória (MP) editada pelo governo Bolsonaro permitiu que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizasse a importação e distribuição de qualquer imunizante não registrado pela Anvisa, desde que já tivesse sido aprovado por algumas agências de saúde de outros países.