Suspeitas de que o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), recebia aconselhamentos paralelos ao Ministério da Saúde são reforçadas devido a um vídeo de uma transmissão ao vivo feita pelo presidente em seu Facebook.

Essa suposição foi levantada após o depoimento do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que prestou esclarecimentos aos senadores na CPI da Covid e afirmou que Jair Bolsonaro recebia orientações sobre a pandemia de pessoas próximas ao Governo e que não faziam parte do Ministério da Saúde.

Agora, com um vídeo divulgado pelo jornalista Sam Pancher, do site Metrópoles, que demonstra uma reunião no Planalto com a presença da médica Nise Yamaguchi, o virologista Paulo Zanoto e o deputado Osmar Terra (MDB-RS), as suspeitas de um "assessoramento paralelo" ao presidente da República aumentam.

Na reunião, ocorrida no início do último mês de setembro, pessoas próximas a Bolsonaro dão declarações contra a vacina, favoráveis à hidroxicloroquina e chegam a levantar desconfiança em relação aos imunizantes que na ocasião ainda estavam em desenvolvimento no mundo.

Bolsonaro é aconselhado sobre a pandemia

Na mesma ocasião, o virologista Paulo Zanoto chegou a indicar ao presidente Bolsonaro que um grupo fosse criado para orientar o chefe do poder Executivo. Além disso, ele falou de forma negativa das vacinas e afirmou que poderia haver um risco em disponibilizá-las para a população. "O grande problema do coronavírus é que eles têm, intrinsecamente, problemas no desenvolvimento vacinal", afirmou Zanoto. Bolsonaro reforçou sua posição e disse que haveria liberdade para que as pessoas pudessem escolher entre ser ou não vacinadas.

Bolsonaro e cloroquina

Osmar Terra, que é médico e foi ministro da Saúde durante a gestão do ex-presidente Michel Temer, fez uma defesa da hidroxicloroquina.

Autoridades de saúde e agências de vigilância, como a Food and Drug Administration (FDA, equivalente à Anvisa nos EUA), alertaram que o uso da cloroquina em pacientes com a Covid-19 não revelaram efeitos benéficos do medicamento e ressaltaram que podem existir riscos em utilizá-los para esta razão.

Por outro lado, Bolsonaro seguiu recomendado a medicação, assim como o então presidente dos Estados Unidos Donald Trump. Mesmo depois de o republicano mudar seu discurso sobre a substância, Bolsonaro seguiu insistindo em indicar a cloroquina como uma droga eficaz no tratamento da Covid-19.