Segundo aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) ouvidos pela jornalista Andréia Sadi, os filhos do mandatário, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) não estão se entendendo sobre a estratégia de comunicação da pré-campanha de Jair Bolsonaro. Estes aliados do presidente da República consideram essa cisão como a mais perigosa que o líder do Executivo enfrenta para a recondução do cargo.

Flávio e Carlos têm papéis distintos na pré-campanha, enquanto o senador está encarregado da coordenação política, junto com Valdemar da Costa Neto, o presidente do PL e Ciro Nogueira, o ministro da Casa Civil, o vereador ficou responsável pelas redes sociais de Jair Messias Bolsonaro, repetindo o papel que teve na campanha vitoriosa de 2018.

Profissionalismo

Flávio Bolsonaro defende o profissionalismo na propaganda da pré-campanha do pai e é integrante do grupo do Centrão que vê com bons olhos as peças elaboradas pelo marqueteiro Duda Lima. Carlos Bolsonaro por sua vez deixou claro que quer repetir a estratégia utilizada em 2018, Carlos acredita que a equipe não estaria explorando a espontaneidade do pai e que também está deixando de atacar o PT, especialmente, não estão atacando suficientemente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao ligarem a imagem do petista à corrupção.

Centrão

Na avaliação do Centrão, o Bolsonaro de 2022 não tem condições de repetir o Bolsonaro de 2018 por várias razões, entre essas razões estão a crise econômica, o preço dos combustíveis, ou seja, problemas do dia a dia que a população quer ver uma solução imediata, não apenas “narrativas virtuais”.

A divergência entre a estratégia do filho 01 e o que deseja o filho 02 ficou clara no começo do mês de junho, quando foram exibidas as primeiras inserções da propaganda do PL, centradas na figura do presidente da República, Carlos criticou publicamente o material ao declarar que irá continuar a fazer seu trabalho e “dane-se esse papo de profissionais do marketing”, disse o vereador em uma publicação no Twitter.

Desde então, a crise entre os irmãos só vem aumentando, o que fez com que recentemente aliados dos dois, como Fabio Wajngarten, tenham sido chamados para tentar selar a paz entre os irmãos e tentar achar um meio termo para a campanha de Bolsonaro.

Inflação e Michelle Bolsonaro

A jornalista Thais Oyama do portal UOL por sua vez destaca que a decisão da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, de não participar das gravações da campanha do marido e a percepção do povo de que Bolsonaro é o principal culpado pela alta de preços no país tem causado desânimo nos aliados do presidente da República. Segundo a apuração da jornalista, Michelle teria perdido o interesse de participar da campanha de Jair para não ficar no meio da briga entre Flávio e Carlos.