Na noite do último sábado (9), aconteceu uma tragédia que, até o momento, é o caso mais grave do cenário de instabilidade social que o país está atravessando por causa da polarização política. Jorge José da Rocha Guaranho, um policial penitenciário, assassinou o guarda municipal Marcelo Arruda pelo simples fato deste estar fazendo uma festa em homenagem ao PT.

O crime aconteceu na festa de aniversário de Arruda, que era militante do PT e tesoureiro do partido. A festa era temática e fazia homenagem a partido de esquerda e também tinha imagens do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, atual pré-candidato à presidência e lidera as pesquisas de intenção de voto em que o atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), está em segundo lugar.

Guaranho chegou de carro ao local onde a festa já se encaminhava para seu encerramento. Ele estava acompanhado da esposa e uma criança de colo, e mesmo assim fez questão de ameaçar Marcelo Arruda com uma arma. O bolsonarista foi embora, mas disse que iria voltar. Passaram-se vinte minutos e o agente penitenciário retornou.

Tanto Marcelo Arruda, que era guarda municipal, quanto a esposa, que é investigadora da Polícia Civil, se identificaram como agentes da lei e mostraram que também estavam armados, mas não adiantou, houve troca de tiros e tanto Marcelo quanto Jorge José acabaram sendo baleados. Marcelo morreu, enquanto o bolsonarista se encontra sob custódia da polícia no hospital.

Repercussão

O Partido dos Trabalhadores divulgou nota em que lamentou o assassinato do tesoureiro do PT. A presidente nacional do partido, a deputada federal Gleisi Hoffman, contou que irá ao velório de Marcelo. O PT na nota informou que já vinha avisando há muito tempo sobre o aumento de casos de intolerância política e pediu providências para o Superior Tribunal Eleitoral (STE) e para o Supremo Tribunal Federal (STF).

O ex-presidente Lula também se manifestou sobre o caso e lamentou a morte de Marcelo Arruda. Lula também pediu compreensão para a família de Jorge José da Rocha Guaranho, que perdeu um marido e um pai.

Bolsonaro

Outras autoridades também deram declarações sobre o crime, o que todas têm em comum é o tom de pesar pela tragédia e a tentativa de acalmar os ânimos dos mais exaltados.

Mas não foi este o caminho escolhido por Jair Bolsonaro para comentar o crime cometido por um apoiador seu.

Jair Bolsonaro se manifestou sobre o caso na noite de domingo (10), em suas redes sociais. Ao invés de prestar solidariedade à família do petista assassinado por um bolsonarista, o presidente da República se dedicou a fazer acusações à esquerda. Bolsonaro disse que dispensa o apoio de quem pratica violência contra opositores e disse que é a esquerda quem comete tais atos.