Está marcada para esta segunda-feira (12), às 17h, a sessão solene que dará posse à nova presidente do Supremo Tribunal Federal.

A gaúcha Rosa Weber assume o posto mais alto do Poder Judiciário e permanecerá nele por pouco tempo. Sua gestão deve durar até outubro de 2023.

No ano que vem ela completará 75 anos, idade na qual precisa se aposentar compulsoriamente. Quando isso ocorrer, o vice de Rosa, ministro Luís Roberto Barroso, tomará posse da presidência do STF.

Aliás, Barroso não economizou elogios e disse, em entrevista ao site Poder360, que Rosa Weber “é a pessoa certa para chefiar o Judiciário nesse momento da vida brasileira”.

Comportamento

A futura presidente do STF é conhecida por sua postura discreta e reservada, não costuma dar entrevistas e não se mete em polêmicas. Caso seja obrigada a falar ou defender o Supremo Tribunal, a magistrada prefere fazer seu pronunciamento no plenário. Gosta mais de ouvir do que falar quando recebe advogados. Seus votos e pareceres têm embasamento cuidadoso e técnico, mesmo quando sua defesa é contrária ao entendimento do restante do colegiado.

Tradicionalmente, é feito um coquetel para celebrar a posse do presidente do STF, mas Rosa Weber não marcou nada do gênero. Ela já adiantou que não comparecerá a jantares com quem tem postura reacionária ao desempenho e decisões do tribunal maior do país.

Trajetória profissional

Rosa Weber foi indicada em 2011 pela presidente Dilma Roussef, assumindo o posto deixado pela ministra Ellen Gracie, primeira mulher a ter um assento no STF. Outro item que pesou em sua nomeação foi o desenvolvimento de sua carreira na Justiça do Trabalho, onde ficou conhecida por tomar decisões a favor de sindicatos e de empregados.

Graduada em ciências jurídicas e sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rosa foi juíza trabalhista entre 1976 e 1991. Fez parte do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região entre 1991 e 2006. Nesse mesmo ano, virou ministra do Tribunal Superior do Trabalho.

Quando das comemorações do Bicentenário da Independência do Brasil, Rosa Weber escreveu um artigo em que declara: “O trabalho cruel, degradante, forçado e estigmatizante, indicativo exatamente da ausência de liberdade e de dignidade, marcou a formação inicial do Estado brasileiro.”

Expectativas

Especula-se nos bastidores que Rosa Weber coloque em pauta alguns temas controversos no âmbito social.

É pouco provável que isso aconteça durante o ano eleitoral de 2022.

No entanto, é possível que ela requisite a votação em plenário sobre o caso da descriminalização total do aborto para as gestações de até três meses. A fase desta questão já passou por instrução e falta apenas a discussão sobre sua procedência ou não.

Já na área política, Rosa Weber poderá pôr em pauta a cassação do indulto presidencial concedido ao deputado Daniel Silveira. Segundo informações veiculadas nos bastidores, a tendência é de que o parlamentar não cumpra prisão. Porém, deverá perder seus direitos políticos por 8 anos.

Por último, mas não menos espinhoso, há o caso do orçamento secreto. Rosa Weber é atualmente a relatora do processo.

Ela pediu que as verbas do Governo Federal usadas pelos parlamentares tenham mais transparência e clareza quanto ao destino, valor empregado e autor do projeto. Um pedido para que os atos políticos que envolvam dinheiro público sejam amplamente publicizados.

Dá para notar que, em tão pouco tempo de gestão, Rosa Weber tem o desafio ou a opção de descascar legumes e frutas para formar uma salada. Ou descansá-las no fundo de uma gaveta na geladeira, caso a areia da ampulheta se esgote antes.