Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) tentaram invadir a sede da Polícia Federal (PF) em Brasília, na noite da segunda-feira (12), depois de a corporação ter prendido um líder indígena com ligações com os bolsonaristas. O grupo de apoiadores de Bolsonaro entrou em confronto com a PF, que revidou as agressões com balas de borracha e gás lacrimogêneo para manter afastados os manifestantes que estavam de posse de bombas caseiras e incendiaram veículos.

Início

O confronto começou com a tentativa de invasão do prédio da PF após a Polícia Federal prender o indígena José Acácio Serere Xavante por "envolvimento em protestos antidemocráticos".

A prisão foi determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e o confronto aumentou com a chegada de mais bolsonaristas ao local.

Os manifestantes estavam armados com paus, pedras, bombas caseiras e fogos de artifício. Eles quebraram diversos automóveis e colocaram fogo em pelo menos três deles que estavam perto do prédio da PF. A emissora CNN Brasil exibiu imagens ao vivo de dois ônibus que estavam pegando fogo nas proximidades.

A resposta da polícia foi revidar os ataques com gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral e tiros com balas de borracha. Os policiais reforçaram o policiamento e isolaram as imediações onde aconteceu o conflito na região central da capital do Brasil, para tentar controlar a situação.

Lula

A tentativa de invasão ao prédio da Polícia Federal e os confrontos com os agentes de segurança aconteceram no mesmo dia em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) diplomou o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). A cerimônia se trata da última formalidade antes da posse no primeiro dia de janeiro de 2023.

O policiamento do hotel onde se encontra hospedado o presidente eleito teve a segurança reforçada pela polícia.

A iniciativa dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro de tentarem invadir a entrada das instalações da PF aconteceu depois deles terem tomado conhecimento da prisão do indígena por ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes.

O Supremo declarou por meio de nota que a prisão temporária, com duração de 10 dias, foi decretada depois de um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) que afirmou ter "indícios de prática dos crimes de “abolição violenta do Estado Democrático de Direito, ameaça e perseguição". A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) disse que se encontrava no local para controlar a situação.

Indignação

O ex-governador do Maranhão Flávio Dino (PSB) é o indicado por Luiz Inácio para ser o novo ministro da Justiça e Segurança Pública. Dino foi ao Twitter e declarou que a depredação e tentativa de invasão do prédio da PF são inaceitáveis. Flávio Dino defendeu que as ordens judiciais devem ser cumpridas e que aqueles que se sentiram prejudicados devem procurar os meios legais, nunca praticarem violência política.