Em sua coluna no portal Metrópoles, Rodrigo Rangel informou que investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) mostrou que uma irmã da nova ministra do Turismo, Daniela Carneiro, também conhecida como Daniela do Waguinho, recebeu um automóvel como retribuição por contrato superfaturado fechado pela prefeitura de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. O responsável pelo contrato era Wagner dos Santos, prefeito de Belford Roxo, conhecido como Waguinho, que é casado com a ministra.

A descoberta foi feita em uma apuração na qual o MP chegou à conclusão que o prefeito liderava uma quadrilha que teria desviado R$ 14 milhões em verbas públicas.

A investigação envolvia possíveis irregularidades na contratação de empresas para a prestação dos serviços de destinação e coleta de lixo em Belford Roxo.

Djelany de Souza, irmã de Daniela Carneiro, teria recebido um Toyota Corolla de uma das empresas. O MP afirmou que carro seria uma maneira de agradar o prefeito de Belford Roxo por um favor que permitiu à empresa vencer a licitação. Waguinho, afirmam os investigadores, falsificou a licitação que levou à escolha da empresa. O contrato, segundo a denúncia, foi superfaturado.

A acusação formal foi ajuizada pelo MP no mês de novembro de 2018. O caso ainda está em tramitação e está sob sigilo até hoje, conforme o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) informou ao Metrópoles.

“O MP pediu a distribuição dessa denúncia em dependência a duas medidas cautelares que tramitam de forma sigilosa”, afirmou o TJ-RJ na terça-feira (3).

O responsável por dar o veículo à irmã de Daniela do Waguinho é mostrado na investigação do MP como um tipo de “sócio oculto” da empresa Master Rio Construções, contratada pela prefeitura de Belford Roxo.

Durante a licitação, ele teria até mesmo feito ameaças a concorrentes, afirmando que era “dono do contrato” por ter trabalhado com o marido da ministra nas eleições de 2016.

O MP do Rio afirma que a concorrência foi fraudada pelo próprio Waguinho, junto com funcionários da prefeitura e um grupo de empresários, e vários crimes teriam sido cometidos: concussão, dispensa ilegal de licitações, fraude a licitações, organização criminosa e peculato.

Lula

Daniela Carneiro foi a escolha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para comandar a pasta do Turismo como parte de negociação com o União Brasil. O partido é a junção do DEM com o antigo PSL, legenda pela qual o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi eleito em 2018. A coluna tentou entrar em contato com Djelany Machado e Daniela do Waguinho, porém não houve retorno até a publicação da reportagem.

Milícia

A ministra do Turismo de Lula também viu seu nome ser envolvido em outra situação constrangedora. A ex-vereadora Giane Prudêncio, esposa de Juracy Alves Prudêncio, mais conhecido como Jura e condenado e preso por liderar uma milícia na Baixada Fluminense, fez campanha eleitoral em 2018 e 2022 para a deputada federal Daniela Carneiro.

O fato tem sido visto como indício de que Daniela e Waguinho têm ligações com Jura. O casal Daniela e Waguinho se ligou ao PT em 2022. A ministra do Turismo divulgou nota em que minimizou sua eventual ligação política com Jura, que trabalhou na prefeitura da cidade da Baixada Fluminense na gestão de Waguinho.