Carmem Eliza Bastos, promotora de Justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), pediu para deixar o inquérito do suposto crime de falsidade ideológica que teria sido cometido pelo senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).

Em 2019, a promotora também já havia pedido para se afastar da investigação sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes, depois que foi revelado que Bastos havia apoiado a campanha de Jair Bolsonaro (sem partido) à presidência da República.

Sem crime

Agora, a promotora afirmou que após analisar a investigação contra o primogênito de Jair Bolsonaro, ficou acertado entre os três promotores do caso que o inquérito policial deveria ser arquivado.

De acordo com nota divulgada pelo MP, houve o entendimento entre os promotores que Flávio Bolsonaro não cometeu crime. Com esse entendimento, o MP informou que a promotora pediu para ser substituída por outro promotor eleitoral, de acordo com informação veiculada no jornal O Globo. O Ministério Público informou ainda que já foi escolhida a nova promotora para o caso.

Além do apoio à campanha de Jair Bolsonaro, Carmem Eliza Bastos também foi madrinha de casamento da advogada de Flávio. Em março, a promotora comentou sobre a situação e falou que sua relação pessoal com a defensora do senador, apontando que, segundo a promotora, não faz com que ela seja considerada suspeita e não afeta a sua imparcialidade.

A Promotoria Eleitoral para qual Carmem Eliza Bastos havia sido designada tem como função apurar se Flávio Bolsonaro está envolvido em crimes de falsidade ideológica eleitoral por conta de sua declaração de bens para a campanha a deputado estadual no ano de 2014.

A investigação teve início com a denúncia de um advogado que suspeitou dos valores pagos e declarados pelo filho do presidente Bolsonaro de um apartamento na zona sul carioca.

Foi aberto um inquérito pela Polícia Federal (PF), porém, a corporação afirmou não ter encontrado indícios do cometimento de crime.

Crime eleitoral

O promotor responsável pelo caso na Justiça Eleitoral pediu que o caso fosse arquivado, porém, o juiz eleitoral Flávio Itabaiana discordou da decisão e o inquérito foi mandado para a Segunda Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público, em Brasília.

No mês de agosto de 2020, o Ministério Público Federal entendeu que as investigações contra Flávio na Justiça Eleitoral tinham que ter prosseguimento. A partir disso, o MP-RJ indicou a promotora Taciana Carpilovsky para o caso. Em janeiro de 2021, Carpilovsky pediu que a PF fizesse novas investigações. Depois, a promotora deixou o inquérito para ocupar um cargo na administração do MP.

No final de abril, Luciano Mattos, o novo procurador-geral de Justiça, nomeou uma nova promotora para o caso do 01. E a escolha foi pelo nome de Carmen Eliza Bastos, que já havia sido questionada sobre sua imparcialidade pelo apoio à campanha presidencial de Jair Bolsonaro.

Tantas emoções

A promotora apareceu em fotos em suas redes sociais em que estava usando uma camiseta com a face de Jair Bolsonaro e com a inscrição "Bolsonaro presidente".

Em uma outra postagem no primeiro dia do ano, Bastos tirou uma foto da cerimônia de posse de Bolsonaro e colocou na legenda que não ficava emocionada dessa maneira há anos.

Em outra publicação nas redes sociais, a promotora posou para uma foto abraçada com Rodrigo Amorim, o deputado do PSL que quebrou uma placa que homenageava Marielle Franco. Após a repercussão do caso, Carmem pediu para ser afastada da investigação. Foi aberto pela Corregedoria-Geral do MP um procedimento para investigar as postagens de Carmem Eliza, porém, de acordo com o MP, o caso foi suspenso.