Parece até um milagre que um “bichinho” microscópico – no caso o coronavírus – tenha conseguido o que muitos debates, conversas e lutas pelo meio-ambiente não logram sucesso imediato.

Ainda que o vírus circule por aí e ao redor do mundo, pelo menos, já existem alguns resultados benéficos para os habitantes das metrópoles e afins. É o caso da qualidade do ar, com registros decrescentes e constantes na poluição atmosférica.

Caso persista alguma dúvida, o leitor pode colocar a cabeça para fora da janela e verificar que o céu está mais azulzinho. A leveza é melhor sentida quando observar que, perto do horizonte, aquela camada negra produzida pelas emissões poluentes praticamente sumiu.

A descrição do parágrafo anterior pode não se encaixar cem por cento para todas as cidades do Brasil, mas encontra respaldo em São Paulo, a grande metrópole.

Carro guardado na garagem

No caso específico da capital paulista, houve redução de 50% na emissão de poluentes durante a primeira semana da quarentena obrigatória para a população, a qual se iniciou a partir de 24 de março. Este percentual foi divulgado pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).

De acordo com a Professora da Universidade de São Paulo, Maria de Fátima Andrade, pode-se observar um céu mais limpo, visto à diminuição de veículos circulando pelas ruas. A região do Centro foi a maior beneficiada, porque os carros são os principais responsáveis pela emissão de gases poluidores na cidade.

Consequentemente, estima-se que o índice de doenças respiratórias recuou em 30%; mas o lado não tão positivo e destacado pela professora reside no fato de que a queda da poluição não apresentou uniformidade em todos os bairros de São Paulo. Assim o é quando se trata da poluição emitida cotidianamente, época em que a cidade vive em pleno funcionamento e pujança.

Fator importante para a dispersão dos poluentes do ar, a chuva não caiu de forma suficiente no mês de março, vindo a reforçar que a quarentena obrigatória desbancou a emissão dos combustíveis exalados pelos veículos.

Por aí afora

As medições da Cetesb também são boas para outras regiões da Grande São Paulo, com a diminuição da poluição emitida.

Análogo ao que acontece na capital paulista, cidades do Alto Tietê, como Mogi das Cruzes, sofrem com a queima dos combustíveis fósseis (gasolina e óleo Diesel). Com menos gente zanzando pelos locais públicos, há menos automóveis e ônibus em circulação pelas ruas e avenidas.

Dados coletados por satélites também confirmam o declínio da poluição em outras cidades populosas do Brasil. Um dos satélites utilizados pertence à Agência Espacial Européia, o qual checa entre outros elementos, a quantidade de dióxido de nitrogênio no ar. Novamente, os veículos automotores entram nessa parcela de culpa. Mas não é total; a outra parte cabe às usinas termelétricas.

Segundo mapeamento dos dados feito por especialistas brasileiros, cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba apresentaram queda na emissão de dióxido de nitrogênio.

No entanto, eles frisam que ainda é cedo para aferir o real benefício da melhora da qualidade do ar. Seria preciso um novo estudo para daqui a um mês e obter esta certeza.

O dióxido de nitrogênio pode causar problemas na respiração humana e, inclusive, agravar a Saúde dos pacientes que apresentam o coronavírus.