O professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Carlos Pereira afirma que as novas evidências de depósitos na conta do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) podem trazer consequências “desastrosas” para o atual Governo.

Esse fato pode alavancar um desgaste entre a sociedade e o governo de Bolsonaro. Grande parte da sociedade tem depositado confiança no atual governo que prometeu, em campanha eleitoral, combater a Corrupção. Contudo, a pressão da sociedade pode tornar Flávio Bolsonaro refém do Congresso e com isso dificultar a aprovação de projetos necessários ao país.

O trecho do relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) revela que no prazo de um mês foram feitos 48 depósitos em dinheiro na conta de Flávio Bolsonaro, realizados no autoatendimento que fica dentro da Assembleia Legislativa, no mês de junho e julho de 2017. A operação “rachadinha” ou “esquema gafanhoto” se configura no ato dos funcionários devolverem parte dos seus salários. No caso de Flávio estima-se que tenha recebido, em conta, R$ 96 mil somados em um único mês.

Segundo Carlos Pereira, se o governo continuar negando ou obstruindo as investigações, a tendência é de que o eleitorado que votou contra o PT apresentará desgastes rapidamente com a confiança que começa a ficar abalada em relação ao novo governo.

Impedindo o andamento das investigações

Flávio Bolsonaro reagiu na última quinta-feira (17) pedindo a anulação das provas contra Fabrício Queiroz, seu ex-assessor. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, acatou o pedido e suspendeu temporariamente a investigação sobre Fabrício Queiroz até a decisão de Marco Aurélio Mello.

“O Ministério Público do Rio se utilizou do Coaf [...] realizando verdadeira burla às regras constitucionais de quebra de sigilo bancário e fiscal”, alegou Flávio Bolsonaro.

Porém, Marco Aurélio foi incisivo ao afirma que “o Supremo não pode variar [...]. Processo não tem capa, tem conteúdo. Tenho negado seguimento a reclamações assim, remetendo ao lixo”.

A posição de Flávio pode causar situações ainda mais desastrosas, pois impedir as investigações, no caso Queiroz, minimiza suas chances de inocência frente ao Planalto, a Justiça e ao país.

O Palácio do Planalto tem tomado medidas para que esse fato sobre o filho do presidente não culmine em uma crise de governo. Os assessores aconselham que Flávio transpareça o caso, através de entrevistas cedidas aos meios de comunicação.