Um dia após o Brasil registrar um novo recorde de mortes por dia causadas pela Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) conversou com apoiadores sobre a pandemia do coronavírus. Em sua fala, o mandatário afirmou que foi criado pânico e que, apesar de o problema estar aí, ele lamenta. "Criaram pânico, né? O problema está aí, lamentamos. Mas você não pode entrar em pânico", disse. Novamente Bolsonaro voltou a criticar o isolamento social, o que ele chamou de a política do “'fique em casa”, e perguntou de maneira retórica se as pessoas iriam morrer de fome, de depressão.
Bolsonaro fez a declaração no que talvez seja um dos seus lugares preferidos para fazer suas declarações polêmicas, a entrada do Palácio da Alvorada, onde se reúne quase que diariamente com seus apoiadores. No local, o presidente novamente fez críticas à imprensa: "para a mídia, o vírus sou eu".
Há muito tempo a imprensa deixou de estar presente no local, preocupada com a segurança dos jornalistas que faziam a cobertura das falas do presidente, devido ao clima hostil entre alguns dos seguidores do presidente. As declarações de Bolsonaro foram divulgadas nas redes sociais.
Recorde
Segundo informações do consórcio de veículos de imprensa, o país registrou na terça-feira (2) 1.726 mortes por Covid-19, um recorde desde o começo da pandemia.
O país está agora caminhando para as 258 mil mortes desde o início da pandemia.
Estados
Nos últimos dias, os estados anunciaram que iriam tomar novas medidas de restrição para tentarem conter o avanço do coronavírus e também evitar o colapso no sistema de saúde. Em boa parte dos estados chega a ser de quase 100% a ocupação de leitos de UTI por pacientes em estado grave de Covid-19.
Depois de um almoço com o embaixador do Kuwait no Brasil, o presidente conversou com jornalistas e voltou a falar sobre a pandemia. Ele declarou que “a economia tem que pegar”, que algumas pessoas dizem que ele não está preocupado com as mortes, mas ele alegou que isto não é verdade, que apesar de se preocupar com os óbitos, ele também está preocupado com os empregos e retornou ao seu discurso habitual que alguém que está desempregado entra em depressão, não se alimenta bem e fica mais fácil se contaminar com outras doenças.
Fake news
E por falar em velhos argumentos, perguntado por alguns jornalistas se o Governo federal considera a possibilidade de um toque de recolher em todo o país, o presidente mais uma vez fez sua declaração falaciosa de que o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que não é competência do governo federal tomar medidas em relação à pandemia. A informação falsa de Bolsonaro já foi desmentida pela própria Corte, que em sua decisão declarou que tanto a União, quanto os estados e os municípios são competentes para tomarem decisões em relação à doença.