Estreou na sexta-feira (14) na Netflix "A Mulher na Janela", filme baseado no livro homônimo de A. J. Finn. O longa-metragem tem direção de Joe Wright e foi escrito pelo renomado Tracy Letts, conhecido por seu trabalho no teatro. O livro de A. J. Finn foi lançado em 2018 e logo considerado um dos melhores thrillers daquele ano, e até recebeu elogios rasgados de ninguém menos que Stephen King. A obra vendeu mais de um milhão de exemplares.

Elenco estelar

Somente o nome da talentosa Amy Adams seria o suficiente para chamar a atenção para o longa-metragem, porém o thriller de Joe Wright tem um elenco impressionante.

Entre nomes consagrados e oscarizados, e rostos conhecidos do grande público, além do próprio Wright que dirigiu grandes sucessos do Cinema como o recente "O Destino de uma Nação" (2017), filme pelo qual ele concorreu ao Oscar de Melhor Direção e que deu o Oscar de Melhor Ator para Gary Oldman, a dupla se reencontra agora em "A Mulher na Janela".

Outra estrela ganhadora do Oscar na produção é Julianne Moore. O filme ainda tem como destaques: Jennifer Jason Leigh, Brian Tyree Henry, Wyatt Russell, que ganhou destaque recentemente por sua participação na série do Disney+ "Falcão e o Soldado Invernal", série protagonizada por Anthony Mackie (o novo Capitão América do MCU), Mackie também está no novo suspense da Netflix, e o próprio roteirista Tracy Letts, faz uma pequena participação na trama.

Agorafobia

A trama acompanha a trajetória de Anna Fox (Adams), uma terapeuta especializada no tratamento de crianças. A protagonista sofre de agorafobia, o que faz com que ela não saia da casa onde mora sozinha. Ela passa os dias assistindo a filmes clássicos de suspense e abusando do consumo de vinho e remédios.

A terapeuta somente recebe a visita do psiquiatra que a trata, o Dr.

Landy (Letts) e tem contato com seu inquilino David (Russell). Sem muito com o que se ocupar, a protagonista tem como hobby observar seus vizinhos pela janela e para isso também faz uso de uma câmera fotográfica.

O espectador recebe a informação que a protagonista é uma mulher que se separou de seu marido Ed (Mackie) que está com a guarda da filha do casal, Olivia (Mariah Bozeman), Anna conversa com os dois diariamente.

Ela até faz relatos para o marido sobre os vizinhos de onde ela mora em Nova York.

Doces ou Travessuras

Uma nova família se muda para o local, e logo Anna entra em contato com Ethan Russell (Fred Hechinger), um adolescente de 15 anos, filho de Alistar Russell (Oldman) e da Sra. Russell. Na noite do Halloween, Anna tem sua casa vandalizada pelas crianças da vizinhança, já que ela não deixou doces para elas. Ao tentar sair de casa para expulsar as crianças, a terapeuta tem uma crise e é ajudada por "Jane Russell" (Moore), que leva Anna para dentro de casa e as duas passam bons momentos bebendo, se divertindo e contando alguns detalhes de suas vidas particulares.

A protagonista observa o comportamento estranho de Ethan, e suspeita que o jovem esteja sendo vítima de abuso por parte do pai, que demonstra ser um homem agressivo.

Em uma noite ela vê pela Janela a personagem de Julianne Moore ser esfaqueada por alguém, e liga para a polícia, Anna então tenta sair de casa para ajudar a mulher, porém novamente sofre um episódio e quando vota a si, ela está em sua casa com a presença da polícia e da família Russell e lhe é apresentada uma mulher que lhe dizem ser Jane Russell, sendo que é uma mulher diferente da que ela acredita ter visto ser esfaqueada. A protagonista então tentará provar para todos que o crime que testemunhou realmente aconteceu, mas sua credibilidade não está em alta devido ao seu histórico de abuso de álcool e remédios e um grande evento em seu passado que faz com que todos duvidem de sua sanidade.

Amy Adams mais uma vez mostra um bom trabalho, o filme é todo centrado em sua figura, então sobra pouco tempo em tela para os outros atores, mesmo assim, em sua pequena participação, Julianne Moore também se destaca.

Há uma cena no filme que parece ter sido feita para dar destaque a Gary Oldman, com seus característicos gestos extravagantes, ficou quase over.

Wyatt Russell foi outro que também exagerou nos gestos e gritos, mas a culpa nem foi tanto do ator, e sim de um roteiro fraco que tentou se equilibrar entre seguir a risca o que estava no livro de A. J. Finn e tentar apresentar uma leitura própria da obra.

O roteiro sugere um tom mais teatral à trama, mas por conta do que parece ter sido um excesso de confiança no roteiro de Letts. O cineasta Joe Wright faz um fraco trabalho na condução dos atores em que talvez as interpretações que mais saíram prejudicadas foram as de Brian Tyree Henry que vive o detetive Little e Jeanine Serralles que interpreta a detetive Norelli, além de colocar nas costas de Fred Hechinger, uma responsabilidade que talvez esteja aquém das habilidades do jovem ator.

Ao tentar seguir à risca, na maior parte do tempo, o best-seller em que foi baseado, o filme falha ao conduzir de maneira atabalhoada as situações em que a protagonista interage com os outros personagens, quase tudo em “A Mulher na Janela” parece ser forçado e inverossímil.

Mesmo com uma equipe criativa altamente laureada, a nova produção da Netflix apresentou um resultado final altamente problemático. Mas o desastre já era meio que anunciado, pois o filme passou por sérios problemas em sua produção. “A Mulher na Janela” estava programado para estrear em outubro de 2019, porém foi adiado e teve algumas refilmagens depois de não ter sido bem recebido em exibições teste.

Não é de hoje que a Netflix vem enchendo em seu catálogo produções de suspense de qualidade duvidosa, sendo que a decepção para o público dessa vez fica por conta de ver um número enorme de talentos em uma mesma produção que resultou em filme que apesar de sua boa premissa, não entrega o que promete.