Que o homem é o animal localizado no topo da evolução das espécies, isso é mais do que estudado, sabido e comprovado cientificamente. Porém, em evento oficial, a Organização das Nações Unidas (ONU) manda um recado para nós: não estamos fazendo a lição de casa corretamente.
Os motivos estão baseados na devastação intensiva feita ao meio ambiente nos últimos séculos, mostrado num relatório emitido pela entidade da Plataforma Intergovernamental de Política Científica para Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES). Nele, constata-se que, se nada for feito e com o andamento dessa devastação nos mesmos patamares verificados nos últimos tempos, o planeta caminhará para uma extinção em massa de plantas e Animais.
Será a sexta deste tipo em toda a história terrestre.
Pegando-se do total de espécies catalogadas pela Ciência, nada menos que um milhão dos oito milhões de vegetais e animais estão na lista de atenção, o que gera pelo menos uma pergunta muito importante: qual será o futuro da Terra e do próprio homem, caso isto realmente se concretizar?
Grito de alerta
Por três anos, peritos e especialistas recolheram dados com o intuito de verificar as alterações nos ecossistemas e a manutenção da biodiversidade e da sustentabilidade, comparando ambos com as implicações do desenvolvimento econômico no meio ambiente.
Para grupos de espécies como mamíferos e anfíbios, a previsão de taxa na extinção dentro destes mesmos grupos está na ordem de 25% e 40% respectivamente.
Em relação aos insetos, prevê-se que 10% do total estará extinta.
O estudo de mais de mil páginas descreve que até 2050, haverá impactos significativos da sobrevivência da raça humana, caso não haja inversão dessa tendência alarmante.
Isso tem de ocorrer com uma reorganização em termos tecnológicos, sociais e econômicos, levando-se em conta mudanças de valores e objetivos preconizados.
Ao menos, é assim que sugere o relatório. O relatório continua enfatizando de que são necessárias políticas voltadas para o meio ambiente mais protetivas e solucionadoras como o Acordo de Paris; além de se voltarem os olhos para o uso racional da água e da terra, o combate à poluição, e maneiras de diminuir os efeitos das mudanças no clima.
Possibilidades e certezas
De acordo com o diretor do IPBES, Robert Watson, a opinião é de que ainda existe tempo e alento para agir, mas adverte de que esta ação de transformação tem de ser feita agora. Ele declarou que à ameaça do aquecimento global acrescentou-se outro item do qual nós, seres humanos, somos muito dependentes: a perda da biodiversidade.
Os percentuais da ação perniciosa do homem não negam: 75% dos ecossistemas terrestres sofreram algum tipo de interferência danosa (desde os desmatamentos até a urbanização desenfreada). Ao se olhar para o ambiente marinho, 66% dele foi afetado. No que tange a áreas monitoradas ou conservadas por índios e comunidades nativas, o relatório mostra que a destruição do meio ambiente foi menor em comparação com áreas não conservadas por estes grupos.
A Organização Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) faz coro a este cenário de alerta: biólogos integrantes dessa organização informaram a extinção de 680 espécies vertebradas desde a década de 1960. O desaparecimento também ocorreu com 559 espécies de animais domésticos. Portanto, é uma realidade que está bem próxima do homem.
Próximo do fim?
Geralmente, as estatísticas não mentem e colocam em risco não só os animais e plantas como os recursos naturais. Por ano, são extraídos cerca de 60 bilhões de toneladas em recursos renováveis e não-renováveis para sustentar a economia mundial. Outro dado relevante é que esmagadora maioria de consumo de água no mundo vai para os setores agrícola e pecuário.
Entre as espécies seriamente ameaçadas de desaparecimento total da face da Terra estão o tigre, o urso polar, a morsa, o gorila, o rinoceronte, o atum (peixe), o elefante africano, a borboleta monarca, a baleia azul e o panda gigante.
As opiniões da IUCN e da ONU convergem para uma situação semelhante a de um labirinto ou a de um beco (quase sem saída), na qual seus especialistas apontam para que esta sexta extinção generalizada seja a primeira causada por responsabilização do homem.