Na quinta-feira, dia 25 de março, o Ministro de Petróleo, Gás Natural e Aço da Índia comunicou a autorização para as empresas do ramo a distribuírem e comercializarem o etanol no país.
Trata-se de uma boa notícia não só para os indianos como para os brasileiros, já que se abre uma oportunidade em se oferecer, por exemplo, a Tecnologia do “Total Flex” disponível nos carros do Brasil. Também pode significar o oferecimento do conhecimento na produção, distribuição e consumo do etanol, onde nós temos uma experiência acumulada de 40 anos.
Irmãos pelo caminho
A decisão adotada pela Índia será bem semelhante ao processo e caminho trilhado pelo Brasil no tocante ao combustível originário da cana-de-açúcar. “Eles têm todas as condições de desenvolver um grande programa de produção e uso do etanol de biomassa de cana, e de outros produtos orgânicos, como grãos deteriorados e celulose, o que deve abrir um mercado muito grande para a transferência de tecnologia, inclusive tecnologia automotiva do Brasil para a Índia”, declarou Plínio Nastari, presidente da consultoria Datagro.
Mas, esses efeitos positivos não serão observados imediatamente, uma vez que, atualmente, o país de 1 bilhão de habitantes não dispõe de carros flex andando pelas ruas e estradas indianas.
Mesmo assim, o aceno divulgado pelo governo indiano é um grande passo tanto do ponto de vista econômico quanto do ambiental.
Antigamente, o excedente de produção da cana na Índia era transformado em açúcar. Contando com subsídios do governo, o produto final (o próprio açúcar) era vendido no mercado internacional. Isso influencia na formação de preços da commodity, estabelecido num valor menor e prejudicando, por exemplo, os produtores brasileiros.
Segundo estimativas, a sobra da safra será de 6 milhões de toneladas para 2021. Se a medida entrar em vigor a partir de agora, a Índia transformará esse total em etanol.
O verde agradece
Um ponto relevante por trás da resolução indiana está na meta de aumentar a mistura de etanol na gasolina. Prevê-se que em 2021, a mistura seja de 10%.
No entanto, as autoridades da Índia anteciparam para 2025 o aumento do percentual do etanol na gasolina para 20%.
Em termos de cifrões, o país asiático deverá economizar cerca de 110 bilhões de dólares para os cofres públicos. Outra vantagem reside no fato de a Índia diminuir sua dependência a outras fontes de energia, ao aderir à diversificação de combustíveis.
Na prática, o povo da Índia poderá respirar um ar menos poluído, principalmente se levarmos em conta que, das 50 cidades com a pior qualidade do ar no mundo, metade delas está localizada dentro da própria Índia. A capital, Nova Délhi, registrou em dezembro passado, um índice 15 vezes maior de contaminação do ar em relação aos parâmetros mínimos recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
É um dado alarmante se comparado com a maior metrópole do Brasil, São Paulo. A cidade possui uma frota de 8,5 milhões de carros, mas os resultados da medição da poluição atmosférica são bem próximos do aceitável pela OMS. Com certeza, indica um sucesso na utilização da tecnologia Flex e do etanol.
Futuramente, a Índia pretende expandir sua matriz energética ao se interessar pelo uso da eletricidade nos motores dos veículos. Para especialistas, isso reforça um avanço maior e um estímulo em direção à tecnologia Flex, já que os modelos híbridos continuarão a oferecer o etanol. Seria um cenário perfeito de trocas comerciais com o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo: o Brasil.