Na tarde de quarta-feira (26), o Brasil teve o seu primeiro caso de coronavírus confirmado. Trata-se de um homem de 61 anos, que havia chegado da Itália, no último final de semana. Na segunda-feira (24), ele foi atendido no Hospital Israelita Albert Einstein, e teve seu caso notificado para a Vigilância Epistemológica Estadual na terça (25).

Com o resultado da contraprova, foi confirmado que o paciente estava mesmo com o novo coronavírus. Como não houve necessidade de internação, o homem foi encaminhado para casa, onde ficará em isolamento respiratório, a chamada quarentena, pelos próximos 14 dias.

Após a confirmação do primeiro caso, a preocupação é com uma possível epidemia no país. Tratando-se de um vírus, existe a possibilidade de transmissão na ausência ou presença de sintomas mínimos, o que dificulta o controle sanitário, como afirmou o médico Drauzio Varella.

Em sua coluna semanal para a Folha de São Paulo, ele comentou sobre as possibilidades sobre o coronavírus no Brasil, após o aparecimento da doença no país de forma oficial, confira.

Coronavírus infectará grande número de brasileiros

Os alertas sobre uma possível epidemia global com um novo coronavírus surgiram ainda no fim de 2019, em um relatório elaborado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O alerta foi emitido devido ao aumento significativo de casos de doenças respiratórias na província de Hubei, na China.

Em menos de três meses, o vírus Covid-19, nome que batizou a doença, já infectou cerca de 80 mil pessoas na China, causando, pelo menos, 2600 mortes no país. Em outros países da Ásia e da Europa, o coronavírus chegou também de forma rápida. O último levantamento feito na Coreia do Sul indicou que mais de mil casos já foram confirmados.

De acordo com Drauzio Varella, a considerar pela experiência internacional da doença, o vírus irá contaminar um grande número de brasileiros antes de desaparecer do mapa. No entanto, a letalidade do coronavírus é relativamente baixa, mas afeta pessoas com sistema imunológico debilitado pela idade avançada, doenças crônicas ou com os pulmões afetados pelo uso de cigarro.

Na China, epicentro da epidemia, a taxa de mortalidade para o novo coronavírus é de 0,2% para doentes com menos de 40 anos de idade, o que é considerado baixo para os padrões internacionais. Quando comparamos com aqueles que possuem mais de 80 anos, porém, esse número aumenta para 14,8%.

O SUS conseguirá atender casos de coronavírus?

Com o perigo de uma epidemia do novo coronavírus no Brasil, o receio de que o Sistema Único de Saúde (SUS) não consiga atender toda a população cresce. Com um atendimento precário em muitos hospitais do país, a população sofre com o medo de não conseguir o atendimento necessário para a doença.

Essa preocupação, no entanto, vai depender do número de casos graves, de acordo com Drauzio.

Ainda de acordo com o doutor, todos os esforços da sociedade e das secretarias de saúde devem estar na prevenção da doença. E, além disso, considerou que as medidas tomadas pelo Ministério da Saúde para o controle de epidemias, até agora, estão irrepreensíveis.

Deve-se lembrar sempre dos cuidados óbvios, como lavar as mãos, não tossir e espirrar voltado para outras pessoas e a utilização de máscaras para cuidar dos familiares que possam vir a contrair o vírus, mas sem perder a racionalidade em torno das preocupações com a doença. Só se deve procurar o hospital aqueles que estiverem sentindo falta de ar e aumento da frequência respiratória.

Dicas do Ministério da Saúde sobre o coronavírus

Após a confirmação do primeiro caso de coronavírus no país, o ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que manterá os procedimentos nos aeroportos brasileiros de prevenção à doença.

De acordo com ele, não existe nenhuma tecnologia que possa dizer quem está ou não infectado dentro de um avião, por isso a inspeção deve ser feita logo na chegada ao Brasil.

O ministro ainda fez algumas recomendações aos brasileiros que pensam em viajar para fora do país e possuem os sintomas que podem ser do vírus. "A regra continua sendo: se tem sintomas, não viaje. Viajou? Informe as autoridades quando chega" afirmou Mandetta.