A mãe do jovem violentado e espancado em um dos inúmeros casos de homofobia ocorridos no Brasil revela que, quando sua filho dá uma respiração mais forte, ela rapidamente corre até sua presença, dizendo que está tudo bem e que ela está ao seu lado. Segundo a mãe do rapaz, ele se acostumou tanto com o jeito que até mesmo quando a enfermeira diz tal palavras, o rapaz se acalma. Sua mãe mostra estar muito mal, necessitando tomar remédios para a ansiedade. "Perdi 25 quilos", desabafou a mãe.

As falas foram dadas por Etiene, atualmente com 51 anos de idade.

A mãe deixou o emprego para poder cuidar e se dedicar aos a seu filho, o rapaz Jefferson Anderson Feijó da Cruz. Um ano e dois meses atrás, Jefferson sofreu um abuso, sendo brutalmente espancado após o ocorrido.

Robson da Silva, de 25 anos, é acusado de ter desfigurado o rosto de Jefferson a pauladas. O crime teria sido cometido por motivos de homofobia.

Jefferson necessitou de muitos cuidados médicos, tendo que ficar internado durante 6 meses, um deles em coma. Quando conseguiu acordar, o rapaz mostrou ter mudado, não andando, falando ou expressando qualquer tipo de emoção. Jefferson ainda necessitou da realização de uma traqueostomia para conseguir respirar. No momento, o rapaz consegue se alimentar apenas através de sonda.

Tendo passado por esse grande trauma de homofobia, a família decidiu mudar da cidade que moravam e ir para Olinda, na Região Metropolitana do Recife. Os familiares sobrevivem através das doações.

O portal UOL procurou a Etiene e o pai do rapaz, o motorista Marcos. Para sua infelicidade, Marcos perdeu o emprego no ano passado.

No momento de tamanha tristeza, a família viu muitos amigos sumirem de suas vidas, entrando uma enorme tristeza e depressão no ambiente que se encontravam. Mesmo que mostrem ter uma enorme revolta do agressor de seu filhos, os pais revelam estar otimistas quanto ao futuro, tentando pensar sempre positivo.

"A nossa vida mudou da água para o vinho.

Saímos da nossa casa em Moreno porque ela não oferecia condições para montar uma enfermaria no quarto, e por ser longe do hospital de Olinda", disse Marcos.

A noite do crime

Segundo o motorista, ele se encontrava em uma viagem à 1h, descarregando o caminhão que trabalhava e comparecendo até a enseada, local onde sua amada lhe esperava junto de sua amiga. Marcos ainda recordou que naquele momento, Etiene não se mostrava bem, afirmando que estava tendo pressentimentos ruins.

Quando chegou 5h, de acordo com os relatos da mãe, ela recebeu uma ligação, aonde diziam que o rapaz tinha caído de moto, estando no hospital em um estado muito grave. No momento, Etiene diz ter desconfiado, pois o filho raramente andava de moto.

Após a ligação, ambos foram até o hospital, mas não receberam nenhuma notícia até o início da tarde. Quando deixaram o pai do rapaz entrar, Etiene disse que se mostrou muito desesperada.

Segunda Marcos, o rosto do filho estava irreconhecível, pois as pauladas sofridas foram ao redor de toda a cabeça. Ela ainda desabafou que a parte do couro cabeludo foi até mesmo afundada, tendo ainda um braço quebrado e uma das orelhas cortada. O caminhoneiro disse que os médicos optaram por realizar, em primeiro lugar, a cirurgia de emergência, a fim de salvar a vida do rapaz, dando certo o procedimento.