O Ministério Público Federal solicita a retirada de vídeos em que o pastor da Igreja Mundial do Poder de Deus (IMPD), Valdemiro Santiago, oferece sementes de feijão para curar o novo coronavírus. O documento foi enviado ao Google, responsável pelo YouTube, que tem cinco dias para responder ao ofício da Justiça. Além dessa polêmica, o líder religioso sofre os efeitos do novo coronavírus com a falta de pagamentos de aluguéis de prédios que servem à igreja.

A respeito das sementes, a Justiça pondera. Pede que o conteúdo audiovisual seja preservado na íntegra para eventuais providências processuais. O MPF pede ao Ministério Público de São Paulo que investigue Santiago por estelionato.

No pedido, o procurador federal Wellington Cabral Saraiva, da Procuradoria Regional da República da 5ª Região, no Recife (PE), destaca que o líder da igreja usa da influência religiosa para induzir vítimas ao erro, tendo em vista que não evidências de cura para a covid-19.

O líder religioso não pede, explicitamente, dinheiro, mas fala em “propósitos”. Na visão do procurador, isso é um “disfarce linguístico” para tratar da venda das sementes com poder de cura do novo coronavírus.

No vídeo, Valdemiro Santiago fala em “propósitos” de R$ 100 a R$ 1 mil.

O pastor cita que pessoas que apresentaram laudo médico que atesta a cura de coronavírus. Fala também sobre a importância da semente e da semeadura. O procurador do Ministério Público Federal destaca que o pastor Valdemiro Santiago “debocha da boa fé” dos fiéis.

Ferir a fé pública

Wellington Cabral Saraiva assevera que não é possível aceitar o abuso de vítimas vulneráveis usando como subterfúgio a liberdade religiosa e a fé pública. E sublinha que a investigação não tem o propósito de interferir na fé daqueles que a professam na Igreja Mundial, o que na visão dele, fere o artigo quinto da Constituição.

A Igreja Mundial do Poder de Deus rebate a Justiça Federal.

Em nota, afirmou que a campanha “sê tu uma benção” não guarda relação com a cura da covid-19, mas é um propósito com Deus. Para a igreja, a semente é uma figura de linguagem e que o propósito da instituição religiosa é a propagação da fé cristã.

Ações de despejo na Justiça

Segundo a revista Veja, a Igreja Mundial do Poder de Deus sofre com ações de despejo – ao menos oito foram impetradas na Justiça de São Paulo e os valores oscilam de R$ 30 mil a R$ 1,3 milhão. O pastor Valdemiro Santiago, que é o principal líder da igreja, usa a crise econômica para justificar a falta de pagamento. A revista também entrevistou o advogado de uma cliente, Pedro Toloto.

Segundo ele, na locação de um imóvel em Monte Mor, a igreja antecipou três meses de aluguel. Com isso, a dona do prédio acreditou que não teria problemas na locação.