Uma reviravolta no caso do menino Danilo de Souza, de apenas 7 anos, que morreu em Goiânia afogado na lama há apenas 100 metros de sua casa, foi divulgada nesta terça-feira (11) pelos delegados, após conclusão do inquérito. Com o fim das investigações, apenas Hian Alves de Oliveira, um ajudante de pedreiro de 18 anos, foi indiciado por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver. Hian era vizinho da família de Danilo.

Prisão do padrasto

O padrasto de Danilo de Souza, Reginaldo Lima Santos, de 33 anos, foi preso com suspeita de assassinato do enteado com a ajuda de Hian no dia 31 de julho.

Inicialmente o ajudante de pedreiro apresentou uma história em que ele teria apenas auxiliado Reginaldo no crime, e que receberia um carro e uma moto como pagamento pelo "trabalho".

Quando a Polícia decretou a prisão do padrasto Reginaldo, o mesmo alegou inocência e afirmou ainda na Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios que Hian estava armando contra ele.

Mudança na versão

Nesta segunda-feira, Ernane Cázer, o delegado responsável pelo caso Danilo, apresentou uma nova versão por parte de Hian. De acordo com as informações dos investigadores, o servente de pedreiro assumiu total autoria do crime, alegando a inocência de Reginaldo.

O delegado titular, Rilmo Braga, informou também que as evidências assim como as diligências técnicas e os laudos periciais comprovam a nova versão do acusado.

Motivação do crime

Ainda de acordo com o delegado titular da DHI, o acusado premeditou o crime por cinco dias até decidir como o faria. A motivação do crime seria um tipo de "vingança" causada por desavenças entre Hian e o padrasto de Danilo. Outro fator considerado como motivação para o crime foram crises de ciúmes pela aproximação da família de Danilo com o pastor que o adotou e morava com ele.

Passado criminoso

Reginaldo Santos é acusado por uma tentativa de feminicídio contra sua esposa e mãe do menino Danilo. Após uma briga ele esfaqueou a companheira grávida de oito meses na época, ele responde processo na Justiça.

Devido à acusação, o ajudante de pedreiro acreditava que conseguiria culpar Reginaldo facilmente pelo assassinato do garoto, o que de acordo com o delegado, mesmo com o passado criminoso, a morte de Danilo não presa em desfavor a Reginaldo como suspeito de cometer o crime atual.

Santos aguarda o alvará de soltura para sair da prisão.

O crime

Hian atraiu Danilo com uma pipa no dia 21 de julho, onde foi informado o desaparecimento do menino que teve o corpo encontrado apenas uma semana depois. A vítima já estava em estado de decomposição, e a perícia concluiu que apesar de ter sofrido agressões físicas, ele morreu por afogamento ao inalar a lama e água do local.

A pipa que o acusado usou para atrair Danilo foi encontrada próxima ao corpo e uma criança testemunhou que viu ambos juntos na mata.

Durante as investigações, Hian chegou a levar a polícia no local onde Reginaldo supostamente teria guardado a arma do crime, um pedaço de pau que posteriormente teve resultado compatível com os ferimentos do garoto através de perícia.

Defesa

O advogado criminalista Gilles Gomes, que atua na defesa de Hian, relatou ter se surpreendido com a conclusão do inquérito, pois aguardava uma nova reconstituição do crime após a primeira ter sido encerrada através de ordem judicial adquirida por ele.

O advogado afirmou ainda que mais de sete interrogatórios foram realizados sem a presença do advogado de defesa. Gomes chegou a solicitar que fosse realizado novo depoimento com sua presença, porém não foi atendido.

O advogado defende que desde o início Hian foi capaz de explicar onde estava, com quem e o que fazia no dia do crime, inclusive teria testemunhas para confirmar a versão. No entanto, o delegado deixa claro que existem testemunhas do momento em que Hian e Danilo vão à mata, e que a denúncia será oferecida à Justiça até a próxima sexta-feira. Com a conclusão do inquérito, Ernane diz que aguardará a decisão judicial de aceitação ou não da denúncia.