Na última quinta-feira (24), véspera de Natal, a juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi, 45, foi brutalmente assassinada pelo ex-marido, o engenheiro Paulo José Arronenzi, 52, após ter atendido um pedido de uma pessoa da família para dispensar escolta policial que lhe foi oferecida pelo TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro), segundo informações do O Globo. O jornal diz ainda que Viviane foi assassinada no fim da tarde a facadas, e o caso está sendo investigado como feminicídio.

Segundo a reportagem, Viviane era uma mulher muito reservada e não tocava no assunto relacionado ao ex marido.

Com a pandemia ainda, os melhores amigos diminuíram o contato e os comentários dos problemas também. Mas a magistrada não podia esconder as brigas de rua que teve com ele e as tentativas dele de invasão da casa da mãe dela.

A juíza sofreu três meses com essas investidas, ainda com as tentativas de reatar o casamento com seu ex-marido, que não deram certo por causa das suas atitudes violentas. Então ela decidiu terminar tudo em julho.

Após os abusos, Viviane o denunciou para a Polícia e o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro concedeu uma escolta para protegê-la. Um dos seguranças dessa escolta afirmou em entrevista ao O Globo, que Viviane era uma pessoa supertranquila e nunca negou o pai de verem as filhas.

Eles levavam a magistrada e as filhas de carro para vários lugares. As meninas, segundo o agente, ficavam um tempo com o pai e depois voltavam para a casa de Viviane.

O crime aconteceu no final da tarde da véspera de Natal, na Barra da Tijuca, quando a magistrada entregava as filhas para o pai (entre 7 a 9 anos) e tinha dispensado, um mês antes, a escolta.

O motivo foi que ela dizia sentir-se muito incomodada com a presença de segurança, e que sentia "pena"do ex-marido que, apesar de tudo, fez parte de sua vida e foi com quem tinha vivido mais de uma década e formado uma família.

Uma das colegas dela do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, comentou o esforço da juíza de poupar as crianças do relacionamento bastante conturbado com o ex-marido.

A colega da vítima afirmou que ficou evidente que a magistrada tentava preservar a imagem do ex-marido como pai. Assim, abriu mão da escolta por pena dele.

A amiga da vítima, a também juíza Simone Nacif, disse que Viviane era uma mulher forte e que sempre quis preservar as filhas. Ainda comentou que Viviane estava refém de um relacionamento que tinha todas as características de ser fatal. Ela chegou a procurar as delegacias, registrar boletins de ocorrência e chegou a pedir, até mesmo, uma escolta, porém, deve ter achado que o perigo tinha acabado. Só queria preservar as filhas.

O ex-marido em fúria

O pedido para o esquema de proteção tinha sido solicitado no dia 14 de setembro, pois ela acreditava que o engenheiro e ex-marido não tinha aceitado de forma pacífica a separação.

Porém, como consta nos altos, na ocasião ela teve uma discussão com o engenheiro e foi ameaçada de morte por Paulo. Ao alertá-lo que estava sem nenhuma condição de ver as filhas, Paulo José empurrou a ex-mulher e a forçou deixar entrar no apartamento da mãe dela, que fica em Niterói. A Polícia Militar foi chamada e, algumas horas após o ocorrido, Viviane registou um boletim de ocorrência na Delegacia de Icaraí.

Esse escolta durou dois meses, pois a juíza assinou um termo que se responsabilizava, no TJ, ao fazer o pedido da suspensão. Assim, na véspera de Natal, ela aceitou o pedido do ex-marido para lhe encontrar com as filhas do casal em uma rua muito pouco movimentada da Barra.

Logo quando saiu do seu carro, para entregar as meninas, foi atacada.

Depois do assassinato, o ex-marido da vítima sentou ao lado do corpo da juíza, enquanto uma mulher tentava consolar as crianças. Uma equipe de guardas municipais fez a prisão e, ao perguntarem para Paulo porque tinha feito aquilo, só balançou os ombros e não falou nada. Ao se averiguar o carro do assassino, foram encontradas mais três facas, que deu à polícia uma visão de ser um crime premeditado.

Levado até à Delegacia de Homicídios, Paulo permaneceu calado e disse que só diria alguma coisa perante a Justiça. Paulo José já tem uma denúncia de 2007 por agredir uma ex-namorada. Nessa sexta-feira (25), sua prisão em flagrante foi convertida em prisão preventiva.