O segundo sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues foi condenado a 14,5 anos de prisão e multa pela 2ª Auditoria da 11ª Circunscrição Judiciária Militar, sob a acusação de transportar cocaína em um avião da comitiva presidencial de Jair Bolsonaro, em junho de 2019. Rodrigues foi preso quando o avião fez uma escala em Sevilha, na Espanha, sendo condenado pela Justiça do país em fevereiro de 2020 a seis anos de prisão e multa de 2 milhões de euros.
No avião de apoio da comitiva presidencial, que iria chegar ao Japão antes do presidente, para os preparativos da reunião do G20, foram encontrados 37 kg de cocaína na bagagem de Rodrigues.
O militar não estava no mesmo voo do presidente e exercia a função de comissário de bordo na aeronave.
Condenação por unanimidade
O Conselho Permanente de Justiça (CPJ) da 2ª Auditoria Militar de Brasília (11ª CJM) considerou, por unanimidade, Rodrigues culpado pelo crime de tráfico internacional de drogas. Por ser um julgamento em primeira instância, o réu poderá recorrer da decisão. O militar, que continua preso em Sevilha, participou do julgamento no Brasil através de videoconferência, mas não se manifestou.
A defesa pediu para que o tempo que Rodrigues está detido na Espanha seja abatido de sua pena total no Brasil, mas isso ainda depende de homologação da sentença espanhola pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A defesa do militar queria uma pena menor. A lei militar ordena punição de cinco anos para o crime de tráfico de entorpecentes. Já a lei civil prevê detenção de 5 a 15 anos para esse crime. Essa lei mais rigorosa começou a valer no Brasil em 2006, ainda no primeiro mandato de Lula (PT).
Réu confesso
Réu confesso, Rodrigues disse à Justiça espanhola que transportava a droga por passar por dificuldades financeiras e se declarou "profundamente arrependido".
O militar afirmou durante o julgamento na Espanha que aquela havia sido a primeira vez que transportava droga. Entretanto, o portal UOL apurou que ele transportou cocaína em ao menos outras sete viagens oficiais de comitiva brasileira. Segundo a Polícia Federal, Rodrigues agiu com ao menos outros quatro militares da Aeronáutica.
Ficou quieto para a Justiça brasileira, mas falou para a espanhola
Quando foi preso na Espanha, o segundo sargento fez um acordo com a promotoria local e contou que se aproveitou da condição de militar para transportar a droga, pois não é submetido a revista nem pelo raios-x no embarque. Ele disse ainda que deixaria a droga num centro comercial de Sevilha. Ele também disse naquela ocasião que era a primeira vez que transportava drogas em avião, mas que costumava revender no Brasil produtos comprados durante suas viagens, para complementar a renda.