A revalorização da Culinária brasileira, bem como das tradições das festas de São João fazem com que receitas seculares também participem das festividades de junho.

Embora não se tenha registro de que o bolo Souza Leão coincida com o surgimento de comidas como o curau, a paçoca e o pé de moleque, essa iguaria vem frequentando as mesas enfeitadas com toalha xadrez e assistindo aos espetáculos da fogueira e dos rojões.

Talvez a melhor explicação para incluir o bolo Souza Leão tenha a ver com sua origem: lá no Nordeste; mais precisamente no estado de Pernambuco.

Aliás, é dentro do território pernambucano que se localiza um dos mais tradicionais e grandiosos festejos juninos: a cidade de Caruaru.

A importância do Souza Leão é tão grande que recebeu o título de Patrimônio Cultural e Imaterial do estado em 2007.

Origens

O mais provável é que a receita tenha surgido no século 19, por meio de Rita de Cássia Souza Leão Bezerra Cavalcanti, esposa de um dono de engenhos situados em Jaboatão dos Guararapes (hoje, área metropolitana do Recife).

Inicialmente, usavam-se alguns ingredientes europeus. Com o passar do tempo, verificou-se que a utilização de elementos nacionais, mais facilmente encontrados, dava um ar mais tropical e regional à receita. Um exemplo é a substituição do trigo pela massa de mandioca.

A tradição manda servir o bolo Souza Leão em ocasiões especiais, principalmente na maneira em que ele aparece nas mesas. Não é raro que ele se apresente sobre louças de porcelana, prata e cristal.

Há uma porção de receitas para se fazer o bolo e, através das décadas, foram acrescentados alguns ingredientes (ou melhor, especiarias, na maioria das vezes) como a canela, a castanha-de-caju e a erva-doce.

Próprio dele

Para quem não tem paciência na cozinha, mas possui curiosidade sobre a fama do bolo Souza Leão, aqui vão algumas pistas: de cor amarelada, tem um gosto doce acentuado – há registros de que se usava até um quilo de açúcar no preparo. Nota-se um equilíbrio entre o coco e a mandioca e sua consistência é cremosa.

Sendo um clássico, não é raro encontrar alguns preços elevados na hora da venda; o que não se justifica, pois sua base de ingredientes é facilmente encontrada no comércio em geral.

Dizem que o bolo Souza Leão é uma variação de outro bolo: o de São Bartolomeu, tomando emprestado o nome do engenho, onde uma renomada quituteira morava. Este último relato não possui comprovação documental ou histórica – o que é bom para acender o mistério e contar “causos” enquanto se degusta.

Hoje, o que se observa de fato é que cinco linhagens da família Souza Leão reivindicam a originalidade da sobremesa, demonstrando a grande quantidade de variações. Porém, evocando e mantendo a mesma matriz, já que é apreciado no país inteiro. Aqui é possível disponibilizar uma de tantas variações.

Ingredientes

2 xícaras de água fria

1 colher de chá de sal

2 xícaras de chá de manteiga

5 e ½ xícaras de açúcar

3 xícaras de chá de leite de coco

1 quilo de massa de mandioca para bolos (ou massa puba)

16 gemas

Modo de preparo

Disponha numa panela o açúcar e a água, misturando-os bem.

Coloque em fogo baixo e vá mexendo até levantar fervura e ficar no ponto de fio. Ao constatar esse ponto, desligue o fogo e adicione a manteiga. Com o intuito de dissolvê-la, mexa vigorosamente até obter algo homogêneo. Deixe esfriar e mantenha a panela reservada.

Pegue um liquidificador e ponha as gemas, o leite de coco e a quantidade de sal indicada na receita. No momento de bater, é importante que essa fase seja feita com afinco, para que o bolo não exale o cheiro desagradável de ovo. Coloque aos poucos (em doses de colheradas) a massa da mandioca dentro do copo de liquidificador e continue batendo por cerca de 2 minutos. Após esse tempo, desligue o liquidificador e transfira todo o conteúdo para um recipiente.

Nele, despeje o conteúdo da calda feita na panela e misture bem com o auxílio de um batedor de arame até que tudo fique uniforme.

Em seguida, derrame a mistura numa forma untada com manteiga e a ponha num forno pré-aquecido a 180 graus por aproximadamente 50 minutos ou quando perceber que a massa está dourada. Quando estiver frio, desenforme – uma dica importante. Depois, é só se fartar. Feliz São João!