Nesta sexta-feira (15), o ministro da Saúde, Nelson Teich, pediu exoneração do cargo, conforme nota divulgada pelo próprio ministério.
Nelson Teich deixou o cargo após seu poder como ministro ter diminuído, o que ficou claro após o presidente Bolsonaro publicar uma lista de atividades essenciais que deveriam voltar ao trabalho no Brasil, mesmo em meio à pandemia do Covid-19.
Na lista, que chegou ao conhecimento do ministro pela imprensa, constava a abertura de salões de beleza, barbearias e academias, ação à qual Teich se mostrava contrário.
O presidente Bolsonaro também solicitou o aumento do uso da cloroquina em todos os pacientes que estejam com quadro leve dos sintomas da Covid-19, mesmo faltando evidências científicas de que o medicamento combate o avanço da infecção provocada pelo novo coronavírus.
Nesta tarde (15), Nelson Teich se reunirá a uma coletiva de imprensa para prestar maiores esclarecimentos a sociedade brasileira.
Mandetta se pronuncia em rede social
Nesta sexta-feira (15), o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) mandou recado para o SUS, após o pedido de demissão de Nelson Teich que assumiu o Ministério da Saúde faltando dois dias para completar um mês.
As diversas trocas de ministro, justamente no ministério responsável por combater a pandemia do coronavírus, fizeram com que Mandetta se pronunciasse em sua rede social com a frase: "Oremos. Força, SUS. Ciência. Paciência. Fé!". Ele finalizou com a hashtag #FicaEmCasa.
Oremos. Força SUS. Ciência. Paciência. Fé! #FicaEmCasa
— Henrique Mandetta (@lhmandetta) May 15, 2020
A demissão de Mandetta ocorreu por sua postura contrária à do presidente Jair Bolsonaro no combate à pandemia do novo coronavírus.
Bolsonaro defende o isolamento vertical, destinando atenções apenas ao grupo de risco, enquanto o ex-ministro se mantinha na defesa do isolamento horizontal, que culminou no fechamento do comércio e no isolamento e distanciamento social.
A relação entre Bolsonaro e Teich também possui conflitos. Um deles se deu quando no início da semana estava marcada para que Teich desse uma entrevista coletiva para apresentação de novas orientações para a abertura gradativa do comércio, mas o evento foi cancelado.
O ministro também se surpreendeu quando ficou sabendo pela imprensa que o presidente incluiu salões de beleza, barbearias e academias como serviços essenciais sem ter comunicado a ele.
Outro ponto conflitante entre o presidente e o ministro é o uso da cloroquina. Para o presidente Bolsonaro, a cloroquina deve ser utilizada desde o início dos sintomas provocados pelo coronavírus Covid-19, enquanto Teich afirma que seu uso deve ser feito apenas por pacientes em estado grave.
Moro sobre a demissão de Nelson Teich
O ex-ministro Sergio Moro também se pronunciou em seu Twitter sobre o pedido de demissão do ministro da Saúde, Nelson Teich, afirmando que o Brasil passa por um cenário difícil, em plena pandemia, com mais de 13 mil mortes no país, e concluiu pedindo que todos cuidem de si e do outro.
Cenário difícil, em plena pandemia, 13993 mortes até ontem. Números crescentes a cada dia. Cuide-se e cuide dos outros.
— Sergio Moro (@SF_Moro) May 15, 2020