Na África do Sul, os hospitais registram altos índices de ocupação de leito. Para conter o avanço do novo coronavírus, que já sobrecarregam com pacientes os hospitais locais, as autoridades sul-africanas proibiram o consumo de bebidas alcoólicas como uma das medidas adotadas para aliviar essa superlotação.
Nesse processo, um imenso hospital localizado na capital do país, pela primeira vez em toda sua história, não efetuou nenhum registro de atendimento emergencial de traumatismos durante a noite de réveillon, denunciando a sobrecarga que o consumo de álcool pode promover nos sistemas de Saúde.
Proibição do álcool como medida protetiva
As autoridades sanitárias sul-africanas anunciaram um novo recorde, totalizando 18 mil casos registrados do novo coronavírus em apenas 24 horas. Atualmente, o país registra 1.057.161 pessoas infectadas e um total de 28.469 óbitos. Os hospitais estão lotados.
Durante as festas de fim de ano, em especial às vésperas do Ano Novo, registra-se um aumento considerável de casos de violência e acidentes rodoviários, fazendo com que haja um pico de atendimento nos serviços emergenciais. Isso se dá, notadamente, em razão dos elevados índices de consumo de bebidas alcoólicas durante as festividades.
Sabendo disso, as autoridades sul-africanas proibiram a venda de bebidas alcoólicas no país desde o dia 28 de dezembro de 2020 até o dia 15 de janeiro de 2021, com o intuito de minimizar as internações provenientes do consumo excessivo de álcool, bem como aliviar o sistema de saúde do país, que se encontra, há meses, sobrecarregado pelo contínuo fluxo de pacientes contaminados pelo novo coronavírus.
As autoridades também decretaram o fechamento de restaurantes e bares a partir das 20h e implementaram o toque de recolher, estabelecendo reclusão no período entre às 21h e 6h da manhã.
Como consequência dessas medidas, houve uma queda recorde no número de casos referentes à violência e acidentes durante esse período do ano.
De acordo com informações divulgadas, a ausência de pacientes lotados nas emergências traumáticas durante às vésperas do Ano Novo, marca um feito histórico para o hospital, que tem capacidade total de 3,2 mil leitos, sendo um dos maiores de todo o país.
Sobrecarga gerada pelo consumo de álcool no sistema de saúde
Essas evidências deixam claro o que todos sabem, mas muitos se recusam a admitir: o consumo abusivo do álcool é um fator de sobrecarga para os sistemas de saúde.
Embora seja consumido amplamente em diversas culturas ao longo da história, o álcool é responsável por mais de 200 doenças e lesões, além de suscitar um ônus socioeconômico para as sociedades como um todo.
Caracterizada como uma substância psicoativa, cujas propriedades geram dependência, cerca de 3 milhões de mortes no mundo, são resultados do uso abusivo do álcool. Esse montante equivale a 5,3% de todas as mortes do planeta.
O uso nocivo dessa substancia também pode acarretar em diversos familiares e sociais, no que muitas vezes a violência doméstica e acidentes de trânsito são decorrentes do consumo de bebida alcoólica.