A Secretaria de Estado da Saúde (SES) e a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS-Rio) confirmaram, nesta sexta-feira (19), a transmissão comunitária da variante britânica do coronavírus. A confirmação se deu após análise de cinco indivíduos que foram infectados no território fluminense. Desses pacientes, quatro contraíram a cepa de Manaus e um estava com a variante britânica.

Com o sequenciamento genético e a análise do histórico de cada um dos infectados, a SES alertou que a variante chamada de B.1.1.7, identificada primeiramente no Reino Unido, está circulando na capital e, provavelmente, no município de Nova Iguaçu, que pertence à Região Metropolitana.

Tanto os casos de contaminação pela variante britânica quanto pela de Manaus, P.1, são considerados autóctones, ou seja, não é mais possível rastrear sua origem no estado e, assim, os órgãos de saúde entendem que já se trata de transmissão comunitária.

Anteriormente, foram registrados casos pontuais nos estados de São Paulo e Goiás.

Variante britânica também foi confirmada na Bahia

A Subsecretaria de Vigilância em Saúde da SES declarou que, em função da alta circulação de pessoas de diversas cidades na capital do Rio, é possível que a cepa B.1.1.7 esteja presente também em outros municípios.

Na quarta-feira (17), a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep) da Bahia confirmou a transmissão comunitária da variante britânica após identificar a cepa em um morador da capital, Salvador, que não tem histórico de viagens ao exterior, nem de contato com pessoas que viajaram.

O sequenciamento genético foi realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e, segundo a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), há pelo menos outros 3 casos suspeitos dessa variante na região.

A partir desta sexta (19), passa a valer um toque de recolher das 22h às 5h na maior parte do estado, decretado pelo governador Rui Costa (PT).

A medida visa tentar reduzir as contaminações em território baiano, em especial ao sul, onde estão localizados 3 dos 9 hospitais lotados com pacientes de Covid-19. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o secretário de Saúde, Fábio Vilas-Boas, informou que a média de ocupação dos leitos no estado é de 70%.

Variante amazônica circula em pelo menos 12 estados

A cepa P.1 do coronavírus, identificada inicialmente em Manaus, já foi confirmada em 11 estados além do Amazonas, havendo a probabilidade de estar circulando por todo o país.

No fim de janeiro, o epidemiologista Jesem Orellana, que atua como pesquisador no Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD), associado à Fiocruz Amazônia, chamou a atenção para a variante ter sido identificada em outros continentes, após confirmação do Japão e dos Estados Unidos de viajantes brasileiros que haviam contraído a cepa. Em entrevista ao portal UOL, Orellana declarou que esse era um forte indicador de que essa versão do coronavírus muito provavelmente também havia se espalhado pelo Brasil.

Ademais, o pesquisador alertou para os indícios de que, além de ser mais transmissível, a cepa P.1 pode ser mais letal que as outras linhagens conhecidas.