Pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com o Instituto Hermes Pardini, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Rede Corona-Ômica, ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), detectaram a presença da variante britânica do coronavírus em 8 estados brasileiros. O anúncio se deu através de nota divulgada nesta terça-feira (23) pela Rede Vírus, do Ministério da Saúde.
O estudo divulgado analisou amostras pertencentes ao banco de dados do Instituto Hermes Pardini, coletadas entre os dias 7 e 21 de janeiro.
As características da cepa B.1.1.7, originalmente descoberta no Reino Unido, foi observada em 25 dessas amostras, de acordo com o professor Renato Santa de Aguiar, que integra a equipe de pesquisadores do ICB.
A variante britânica apresenta uma falha na detecção do gene S, ocorrendo a detecção do gene N. Isso acontece devido ao comportamento diferenciado da cepa, resultando da deleção das chamadas posições 69/70 da proteína "spike", que recobre o vírus. Essa proteína, com o formato de espículas, é a responsável pela replicação do coronavírus, e a mutação descrita o torna mais transmissível.
Minas Gerais tem pelo menos 13 casos da variante britânica
A presença da linhagem britânica foi detectada em amostras de cidades em 8 estados brasileiros: Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Bahia, São Paulo, Sergipe, Mato Grosso e Paraná.
No caso de Minas Gerais, onde ainda não havia sido registrada a variante, as infecções se deram em 10 pacientes de Belo Horizonte, um de Betim, um de Araxá e um de Barbacena.
O professor Renan Pedra de Souza, do departamento de genética do ICB, informou ainda não ser possível dizer se a variante já está circulando pelas cidades e com que frequência.
A continuidade das pesquisas deverá responder, em cerca de 14 dias, se há circulação local, mas os resultados sobre a frequência ainda levarão cerca de um mês.
O objetivo do estudo é trazer um retrato mais preciso da situação da pandemia no Brasil, uma vez que o país lida com a escassez de testagens. Com isso, é possível tomar medidas mais precisas para evitar ainda mais a dispersão do vírus, além de intensificar a conscientização sobre a necessidade do uso de máscaras e de se praticar o distanciamento físico.
Na última semana foi confirmada oficialmente a transmissão comunitária da variante do Reino Unido nos estados do Rio de Janeiro e Bahia.
Variante de Manaus também foi confirmada em Minas
O Ministério da Saúde confirmou ainda, nesta terça, que o estado tem casos de contaminação pela variante P.1, identificada em Manaus. Inicialmente, 6 pacientes transferidos do Amazonas para a cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro, foram diagnosticados com a variante. Contudo, a nota do Ministério apontou a infecção pela linhagem amazônica também em 6 residentes de Minas Gerais.
O estado registra uma escalada no número de casos desde janeiro, mas o governo do estado ainda não se manifestou sobre uma possível relação com a presença de linhagens mais transmissíveis do coronavírus nas cidades.
Em nota ao jornal O Tempo, a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte informou que ainda não foi notificada de nenhum caso das novas cepas causadoras da Covid-19. A Prefeitura de Betim declarou que ainda não há evidências científicas que possam ligar o aumento do número de casos à presença dessas variantes.