O desenrolar dos fatos envolvendo doenças tem tido uma dinâmica muito forte ultimamente: ainda não se está livre totalmente do coronavírus, outras doenças ameaçam adquirir grandes proporções (caso não se vacine), como o sarampo e a paralisia infantil, e existem aquelas que nunca saíram do foco científico, mas que tiram vidas. Isso tem tudo a ver com o câncer.

Há décadas, a comunidade da ciência se debruça e se esforça para aliviar e, principalmente, localizar um remédio definitivo que cure esse flagelo e que vitima milhões de pessoas no mundo.

Nesta semana, uma ótima notícia foi veiculada nos meios de comunicação acerca do combate ao câncer.

Um medicamento usado para fins específicos de cura ou tratamento de câncer obteve total eficácia no desaparecimento de tumores. E o melhor é que logo após isso, não houve a necessidade de se aplicar as técnicas de quimioterapia e radioterapia para os participantes deste teste médico.

A publicação do estudo ocorreu nesta semana no periódico “The New England Journal of Medicine”. A condução e realização dos testes ocorreram nos Estados Unidos.

De quem é essa proeza?

O nome do milagreiro chama-se dostarlimab e ele foi ministrado por médicos em um intervalo de seis meses em doze pacientes que possuíam câncer de reto. Depois do término do tratamento, realizaram-se exames nestes mesmos pacientes; os resultados foram surpreendentes: nenhum deles acusou a presença de tumores cancerígenos.

Eles obtiveram a cura total.

O dostarlimab é um remédio intravenoso e, no caso desse período de testes, foi aplicado uma vez a cada três semanas. O acompanhamento médico foi de um ano e confirmou a dispensa de operações ou cirurgias posteriores.

Em entrevista, o oncologista Luiz Díaz Jr. disse que o resultado é incomum, devido à eficácia da substância para essa finalidade.

E aqui

No Brasil, o dostarlimab é liberado pela Anvisa somente para combater câncer de endométrio (o tecido interno que reveste o útero). Mas, de acordo com a multinacional farmacêutica GSK, o prazo inicial previsto para comercialização foi marcado para agosto deste ano.

O mecanismo desta substância é semelhante ao de um carro: ao se soltar o freio de mão, é como se o organismo entendesse a liberação irrestrita dos anticorpos na luta contra a doença.

O caminho que se anda

O médico Túlio Pfiffer compara os procedimentos da quimioterapia e da radioterapia com a da imunoterapia. Em sua opinião, este último tratamento é menos invasivo e não deixa tantos efeitos colaterais após o uso da técnica. Ele relaciona isso com a boa nova divulgada no estudo.

No entanto, ele salienta que, mesmo sendo muito promissor, é preciso analisar o progresso dos pacientes envolvidos no teste ao longo do tempo. Também defendeu o aumento da realização dos testes: “para mudar o paradigma de tratamento, a gente faz estudos com centenas ou milhares de pessoas.”

Ele se mostra otimista, ao dizer que esse tipo de “achado” científico abre novos caminhos e perspectivas para pessoas que se encontram na fase inicial da doença.

Provavelmente, as mesmas características ou princípios encontrados no dostarlimab sejam empregados em outros remédios, com o objetivo claro de estimular o sistema imunológico.

Do lado de cá da linha do Equador, a GSK do Brasil comunicou que o resultado a surpreendeu e, consequentemente, é um incentivo para o desenvolvimento de novos estudos voltados para o câncer de reto. A nota da GSK ainda frisa que “esse dado pode trazer uma nova perspectiva para estes pacientes.”

A empresa finaliza afirmando que conduz outros doze estudos relacionados à Oncologia e conta com 80 centros de pesquisas e 220 voluntários. Segundo ela, os brasileiros estão entre os grupos prioritários para a realização destes estudos.