Saudosistas e incrédulos de plantão fiquem atentos para a data de amanhã, 28/08, quando a Nasa – Agência Espacial dos Estados Unidos – começará uma nova etapa rumo a explorações do nosso satélite mais cantado por poetas e românticos, a Lua.

O lançamento de uma nave com destino à Lua está previsto para ocorrer na próxima manhã de segunda-feira.

A própria Nasa disse que será o foguete mais potente a ser utilizado para o sucesso da primeira etapa do Projeto Artêmis. Isso denota o grau de importância que a agência espacial dedica ao assunto, já que faz mais de 50 anos que os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin fincaram suas pegadas no solo lunar e embeveceram os espectadores da época aqui na Terra.

Cuidado com tanto ânimo

O grandioso foguete partirá da Flórida e a missão denominada como Artêmis 1 não levará, por enquanto, seres humanos para explorar a Lua. Os especialistas consideram essa primeira fase como muito importante, já que terá uma característica mais econômica. Eles pretendem reunir dados para saber se a Lua possui algum potencial do ponto de vista de telecomunicações, de mineração e de logística espacial. Também querem saber se há viabilidade em deixar seres humanos no solo lunar; ou seja, se a Lua serve de habitação para nós, terráqueos.

De acordo com o professor de engenharia aeroespacial da Universidade Federal do ABC, Annibal Hetem Júnior, a intenção da Nasa é “testar todos os sistemas e impactos que se pode ter nos astronautas em uma missão arrojada de 42 dias; nunca uma cápsula ficou tanto tempo no espaço.”

Trata-se de uma primeira fase complexa e avançada dentro do âmbito aeroespacial; depois do cumprimento desses 42 dias, os dados colhidos na Viagem serão analisados e, posteriormente, será discutido um cronograma para missões tripuladas.

O equipamento e as parcerias

Previsto para decolar às 9h30 da manhã, o foguete de 98m de altura levará o módulo Orion; o ponto de partida será a plataforma 39B, em Cabo Kennedy, estado da Flórida.

Outra novidade do programa é que, diferentemente do ocorrido com a missão Apolo, cujos esforços e investimentos provieram somente da Nasa, a Artêmis contará com a parceria da iniciativa privada.

A intenção é que a participação de empresas privadas se estenda pelas outras fases do projeto Artêmis. O custo total da primeira fase do Artêmis é estimado em US$ 4,1 bilhões.

Em realidade, o volume investido atualmente vindo do setor privado tem um objetivo: o seu retorno aos cofres das empresas envolvidas. Segundo relatório emitido pelo banco Citi, a economia espacial (também chamada de “New Space”) pode garantir uma entrada de dinheiro da ordem de US$ 1 trilhão em 2040.

Plano B

Não dá para esconder que o êxito do Projeto Artêmis é ponto crucial para a mais ambicionada meta da Nasa nas próximas décadas: uma viagem futura a Marte.

E, meticulosamente, todos da agência já pensaram num possível fracasso inicial ou adiamento da Artêmis 1. Se isso acontecer, o cronograma estabelecido prevê novo lançamento nos primeiros dias de setembro.

Outra razão para que a empreitada seja concretizada se encontra no sucesso obtido pelos chineses ao alcançar o satélite cantado pelos apaixonados aqui da Terra. Ou seja, além dos americanos, a China deu o recado de que também pode “chegar lá”.

Provavelmente, só em 2024 ou 2025 é que se vislumbra a inclusão de tripulantes nesse novo desbravamento da Lua e de seus mistérios.

Estima-se que dure uma semana para que a Orion atinja a órbita lunar e a previsão para a sua volta aos confins da Terra é 10 de outubro.

Claramente científico

O caráter da missão assumido pela Nasa é bem científico: de acordo com os funcionários, não será dessa vez que se poderá pisar ou ver pegadas humanas no solo da Lua. É pela Ciência e pela segurança das próximas missões.

Claro, não é algo desapontador ou fechado, mas o chefe da Nasa, Bill Nelson, deu um alento na entrevista coletiva: “para todos nós que olhamos para a Lua, sonhando com o dia em que a humanidade retornará à superfície lunar, fica o aviso: estamos voltando”.,

O comportamento da Nasa é igual a de um viajante ou de um mascate: para se “dar bem”, é preciso conhecer o terreno escolhido (o que foi feito em julho de 1969), passar alguns dias (etapa da Artêmis em pleno século XXI) e depois prosseguir para outro destino (Marte).