Egiptólogos, místicos e aficionados por essas únicas maravilhas do Mundo Antigo ainda de pé até nossos dias estão em polvorosa.

Na última quinta-feira, dia 2 de março, um grupo de arqueólogos anunciou a descoberta de um novo túnel escondido na estrutura da maior pirâmide de Gizé, a de Quéops.

Com extensão aproximada de 9 metros e largura estimada em 2,1 metros, o grupo acredita que essa passagem pode levar a novas descobertas ou a outras câmaras que ajudem ou embasem o estudo do Antigo Egito.

Rastreando a pirâmide

Alcançou-se esse resultado por meio do projeto Scan Pyramids, o qual está no local desde 2015.

Assim como um antivírus faz com um computador na busca e caça de softwares maliciosos e prejudiciais à máquina, os integrantes se utilizam de equipamentos e técnicas modernas para analisar o interior da Grande Pirâmide.

O mérito pertenceu, na realidade, aos radares e ao ultrassom, fazendo uma varredura externa (e, portanto, não houve necessidade de escavar ou quebrar a parede da construção antiga). Quando essas técnicas revelaram algo diferente, exploradores japoneses usaram um endoscópio de apenas 6 mm de espessura para se certificarem de que estavam à beira de uma descoberta científica.

Percorrendo as brechas deixadas pelos blocos, o endoscópio chegou ao túnel e gravou as primeiras imagens do lugar.

O que tem lá?

Como toda descoberta, não se pode dizer que se encontraram objetos, artefatos ou sarcófagos. É muito prematuro dirigir o pensamento nesse sentido. Os pesquisadores creem inicialmente que essa estrutura foi criada com a finalidade de redistribuir o peso da edificação na região que abriga a entrada principal.

Eles também acreditam que essa câmara possa conduzir a outra.

Porém, essa segunda sala é pura especulação, admitem os pesquisadores.

A suspeita de um novo túnel não é algo novo. Desde 2016, esse corredor foi detectado por outra técnica denominada muografia. A descoberta tem sua entrada principal pela face norte da Pirâmide de Quéops.

No entanto, para o arqueólogo e ex-ministro de Antiguidades do Egito, Zahi Hawass, esse túnel significa a maior descoberta em 186 anos.

Ele aposta bastante nessa última façanha, pois há quase 4.500 anos, a humanidade tenta compreender e/ou desvendar os mistérios dessa estrutura encantadora e intrigante.

Para isso, é fundamental que os trabalhos de exploração continuem, o que, aliás, é um dos propósitos do Scan Pyramid: fornecer mais clareza e conhecimento sobre o conjunto de Gizé sem necessariamente destruir, com picaretas e outras ferramentas, as paredes externas e revestimentos. A equipe do Scan Pyramid é composta por cientistas franceses, egípcios, canadenses e japoneses.

Enquanto isso...Mesmo sem ter uma resposta definitiva acerca do novo corredor, é bom fazer uma rápida leitura sobre esse monumento, o maior símbolo do Egito atual.

O faraó Khufu (ou Quéops, se traduzirmos para o grego) reinou entre 2609 a.C. e 2587 a.C. Foi enterrado na mais alta construção do mundo até o século XIX. Em 1889, a Torre Eiffel superou os 146 m de altura da Pirâmide de Gizé.

Ainda não existe um consenso sobre o sistema de construção das pirâmides. Alguns estudiosos acreditam que 10.000 homens foram empregados para erguer a única Maravilha do Mundo Antigo que sobreviveu até nossos dias.

Em relação às câmaras existentes, a Ciência pode concretamente contar três delas: a Câmara Real, a qual continha os restos do faraó Khufu, a Câmara da Rainha e a Câmara Secreta.

Espera aí

Talvez o leitor tenha se frustrado, mas por ser uma descoberta recentíssima, há que se debruçar sobre a função desse túnel.

Claro que não é preciso ficar com o beiço proeminente, pois em 2017, a Scan Pyramid descobriu outro corredor. Estima-se que ele possua aproximadamente 30 metros de extensão e seja mais alto. Esta outra descoberta localiza-se bem acima da Grande Galeria.

Tudo isso é comparável aos véus usados pelas mulheres do Islã: justamente por guardarem o rosto, é que o cérebro se atiça, estimula-se a curiosidade. O órgão da razão não aguenta tanta ansiedade e quer desvendar o pano. Tanto a face da mulher, quanto os mistérios que Gizé preserva a cada crepúsculo por milhares de anos.