Economia quase nunca é um tema agradável de se ler e acompanhar. Além do que os indicadores dessa área não têm sido favoráveis. O resultado é o brasileiro se recostar na poltrona e extravasar sua angústia perante uma situação desanimadora, porém inédita na formação conjuntural do país.
Todo aventureiro ou beduíno passa por calores arrasadores do deserto até chegar a um oásis e se refrescar. Com o furacão de notícias negativas, há uma brecha de alívio.
Grande impulsionador e termômetro da atividade econômica, o comércio no mês julho apresentou uma alta de 1,2% em relação ao mês de junho.
O varejo vai apresentando, gradativamente, uma tendência de aquecimento nas vendas.
Mesmo que o leitor tenha achado pouco e se encolha de novo na poltrona, a boa notícia é que a positividade no crescimento é a quarta consecutiva. Esse percentual do mês de julho é considerado recorde desde que se instituiu a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), em 2000, e realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em comparação com o mesmo período de 2020, o índice atual é 5,7% melhor; no acumulado do ano de 2021, o número é de 6,6%. Igualmente para cima.
A receita também melhorou
Se o crescimento é medido como bom, a receita das vendas acompanha a tendência: 2,2% mais alta do que em junho e quase 20% mais alta em relação ao mês de julho do ano passado.
Os setores do varejo que trouxeram esse pequeno, mas otimista resultado vieram de cinco ramos a saber: artigos de uso pessoal e doméstico (com 19,1% de expansão), vestuário e calçados, informática e material de escritório, alimentos e supermercados e artigos de farmácia e perfumaria.
Composto no total por oito segmentos, a área varejista teve queda nos produtos relacionados à papelaria e de revistas (retração de 5,2%), móveis e eletrodomésticos e combustíveis.
O IBGE utiliza outra técnica do andamento do comércio ao designar o varejo ampliado; nele, incluem-se os ramos de materiais de construção, veículos e peças automotivas. Enquanto o primeiro diminuiu 2,3%, o segundo registrou aumento de 0,2%. Ainda assim, o acumulado de 2021 é positivo com o percentual de 11,4%
Grana curta e mudança de comportamento
Embora o IBGE não tenha mencionado nada a respeito desse setor, para os desempregados ou os que não possuem uma perspectiva de empreendimento durável em tempos tão voláteis, os dados colhidos da Receita Federal demonstram uma mudança de rota e um novo olhar, quando se trata do comércio de produtos usados.
A abertura de estabelecimentos especializados no “gasto e surrado, mas útil para mim” cresceu 48,58% entre os primeiros semestres de 2020 e 2021. Esse interesse repentino deriva das medidas de isolamento impostas pela pandemia e também do maior controle orçamentário efetuado pelas famílias, já que elas viram suas rendas decrescerem nos últimos meses.
Identificado como tipicamente pertencente ao mercado de usados, o brechó tem sido uma bela opção para abrir e empreender um negócio. Ao menos, foi o que motivou a empresária brasiliense Carolina Fonseca. Ela menciona que as vendas cresceram, principalmente nas negociações feitas pela Internet.
Na opinião dela, as pessoas estão repensando seus hábitos de consumo e não agem tanto pelo impulso do desapego das coisas guardadas nos armários.
O ‘home office’ tem como característica a permanência de seus usuários dentro de seus lares, o que acarretou outro ponto de vista sobre os hábitos e sobre a vida.
Dados do Sebrae apontam a criação de 2.104 empresas no ramo de usados (primeiro semestre de 2021), a maioria constituída por microempresários e empresas de pequeno porte. É o maior registro de aberturas desde 2015.
No estudo do Sebrae, citam-se outros Negócios afins com o mercado de itens usados como livros, eletrodomésticos, roupas, moedas e selos para coleção, móveis e material de demolição.
Não é somente uma onda
Nos Estados Unidos, a plataforma de vendas ThreadUP atestou que a movimentação dentro do segmento de usados duplicou desde 2019.
A expectativa é que atinja o tripo até 2025. Um sinal de que esse mercado tem espaço e oportunidades de crescimento no futuro.
Isso atraiu os olhos dos grandes varejistas de roupas na Terra do ‘Tio Sam’; já se firmam parcerias de logística entre as grandes empresas e as pequenas, mais especializadas no negócio.
O Sebrae aconselha aos empreendedores tupiniquins que procurem informações sobre o seu nicho de atuação e montem uma loja virtual na Web, pois a presença no digital é uma maneira de visibilidade e ótimas chances de prospecção de clientes.