A Polícia Militar fez uso de spray de pimenta e cassetetes para reprimir manifestação realizada por estudantes nesta terça-feira (16) em frente ao prédio do Ministério da Educação, no Distrito Federal. O ato, convocado pela União Nacional dos Estudantes (UNE), era um protesto contra o contingenciamento de verbas e a recente declaração de medidas para o ensino superior que devem envolver parcerias com empresas privadas.

O grupo, formado principalmente por estudantes universitários e professores, alegou que os policiais militares iniciaram a agressão após terem sido colados cartazes na entrada do MEC.

A PM, por sua vez, declarou que os manifestantes depredaram uma viatura e que um dos jovens teria agredido os oficiais com um cone de trânsito, atos que levaram ao confronto.

Em nota, o MEC repudiou o "ato violento" contra os policiais que, segundo o Ministério, estava presente para garantir a "ordem pública". O órgão afirmou ainda estar aberto ao diálogo. Em vídeo publicado na sua conta no Twitter, o ministro Abraham Weintraub, ao lado de dois policiais, classificou o ato dos estudantes como inadmissível, reforçando seu apoio à PM.

Também no Twitter, a UNE divulgou fotos da manifestação, declarando que se tratou de um protesto pacífico e a atuação da polícia foi violenta e covarde.

Plano do MEC para as universidades públicas

O Ministério da Educação se reuniu na tarde da terça-feira (16) com reitores de universidades públicas a fim de discutir o programa chamado pelo órgão de Future-se. A previsão é de que seja criado um projeto de lei com medidas voltadas para novas formas de gestão do ensino superior.

O novo modelo visa a abertura para captação de recursos privados pelas próprias instituições, além da cessão de uso dos espaços das universidades para empresas. Alegando se tratar de uma tentativa de aumentar a autonomia das universidades e dos institutos federais, o programa deve ter seus detalhes divulgados ainda nesta quarta (17), em coletiva de imprensa em Brasília.

Cobrança de mensalidades

A possibilidade de cobrança de mensalidades pelas faculdades públicas é um temor compartilhado por estudantes e pela UNE, embora o ministro Weintraub tenha declarado que não passam de boatos.

Os rumores começaram após o Portal Nacional da Educação (PNE) publicar em sua página no Facebook a informação de que alunos com renda superior a 3 salários mínimos teriam que arcar com as mensalidades do curso. A repercussão negativa do texto fez com que o PNE o apagasse e divulgasse uma nota, juntamente a uma postagem de Weintraub no Twitter, de que não haveria cobrança de mensalidades na graduação. Contudo, há uma sinalização de que as instituições possam passar a cobrar pelos cursos de pós-graduação.