A Policia Federal deu um novo parecer sobre o inquérito que investiga supostos repasses da Odebrecht ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e seu pai, César Maia, que já foi prefeito do RJ e agora atua como vereador. A PF concluiu que Maia e seu pai cometeram os crimes de Corrupção passiva, falsidade ideológica eleitoral (caixa dois) e lavagem de dinheiro.
O documento ficou pronto no último dia 22 deste mês e já foi enviado para o relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, ministro Edson Fachin. O ministro estabeleceu um prazo de 15 dias para que a procuradora-geral da República (PGR), Raquel Dodge ,apresente uma resposta sobre as provas apresentadas pela PF e decida se denunciará Rodrigo Maia ou arquivará o caso.
O presidente da Câmara passou a ser investigado depois que executivos da Odebrecht prestaram depoimentos e apresentaram a PF planilhas que eram usadas no chamado departamento de propinas e nelas aparecem por codinomes Maia e seu pai como destinatários de dinheiro ilícito.
PF conclui que Maia e seu pai praticaram caixa 3
Segundo a PF, no documento consta que a Odebrecht fez doações indevidas para Maia e seu pai em 2008, 2010, 2011 e 2014. O dinheiro foi entregue em espécie, forma qualificada como caixa 2, e doações eleitorais feitas pelo grupo Petrópolis, que era supostamente usado pela Odebrecht para intermediar as doações, essa ação é chamada de caixa 3 pela PF. Os delegados Orlando Cavalcanti Neves Neto, Bernardo Guidali Amaral, os quais enviaram o documento a Fachin, afirmam que Maia e o pai solicitaram doações indevidas de R$ 1,8 milhão entre 2008 e 2010.
Em 2008, 2010, 2011 e 2014, o presidente da Câmara e seu pai receberam recursos em espécie. Uma grande parte do dinheiro eles receberam quando nenhum dos dois eram candidatos eleitorais. A PF afirma que o caixa 3 foi praticado entre 2010 e 2014, quando Maia e seu pai apresentaram somente informações formais sobre o recebimento das doações feitas pelo grupo Petrópolis, que segundo a PF foram feitas a mando da Odebrecht.
Nesta mesma época, Maia e seu pai teriam praticado também o crime de lavagem de dinheiro. Segundo a PF, eles teriam tentado esconder e simular a origem do dinheiro que foi recebido de doações eleitorais do grupo Petrópolis, mas que foram emitidos pela Odebrecht. O empresário Walter Faria, dono do Grupo Petrópolis, é suspeito de lavagem de dinheiro.
Os crimes atribuídos pela PF contra Maia foram apresentados poucos dias depois que foi concluída a votação do projeto que endurece punições por abuso de autoridade de agentes públicos, incluindo juízes, promotores e policiais. O texto do projeto não foi bem aceito por Sergio Moro, magistrados e investigadores, mas já passou pelo Senado e agora resta a decisão do presidente da República Jair Bolsonaro (PSL).