Representantes máximos de seus estados, os governadores e vice-governadores de Roraima, Pará, Mato Grosso, Amazonas, Rondônia, Tocantins, Acre, Amapá e Maranhão chamaram para si a questão da Amazônia e seu desmatamento recorde neste ano. Ele se reuniram na última sexta-feira (13), em Brasília com embaixadores da Alemanha, Reino Unido, França e Noruega.

O encontro foi feito na embaixada norueguesa e teve como principal objetivo o retorno dos financiamentos para a promoção de programas de desenvolvimento, preservação e sustentabilidade da floresta amazônica.

Hélder Barbalho, atual governador do Pará, declarou à imprensa que o retorno do repasse financeiro para o Fundo Amazônia deve acontecer em um prazo de 30 dias. O Fundo Amazônia tinha como principais investidores a Alemanha e a Noruega. Juntas respondiam por 90% do total de entrada de dinheiro. Após a entrada, os recursos eram destinados para o BNDES, que os administra.

Meandros

Enquanto isso, os países europeus estão em sessão final de tratativas com o Ministério do Meio Ambiente, para que, finalmente, o dinheiro volte a financiar os projetos de proteção à Amazônia.

No mês passado, a Noruega e a Alemanha anunciaram o corte de repasses depois da situação crítica de devastação da floresta, causada pelas queimadas desordenadas, e pelo mal-estar provocado pelas declarações vindas do Presidente Jair Bolsonaro.

Além de chamar a atenção mundial para a questão “verde”, Bolsonaro criou um segundo problema, de cunho diplomático, com a Alemanha e a França, pautado por acusações e troca de farpas.

Continuando com sua entrevista aos jornalistas, Hélder Barbalho citou outra porta de entrada para o recebimento de recursos externos. Os líderes estaduais apresentaram uma proposta em que os europeus podem negociar diretamente com cada estado da Federação brasileira e membro da Amazônia Legal.

Por sua vez, os embaixadores sinalizaram positivamente com a ideia. Para isso, haveria que se criar um Consórcio de Governos da Amazônia Legal, fortalecendo a parceria entre os dois lados interessados.

A finalidade deste consórcio seria basicamente a mesma do que se vem praticando; ou seja, o combate a atividades ilegais e a promoção de alternativas de desenvolvimento.

Haverá uma nova rodada de negociações marcada para o mês de outubro, cujo conteúdo será a resposta dos embaixadores europeus no tocante aos pedidos efetuados pelos governadores.

A visão do outro lado

O discurso dos diplomatas do Reino Unido e da Noruega são unânimes ao colocar a soberania da Amazônia sob a responsabilidade do Brasil, embora tenham lembrado que a questão ambiental tem importância mundial. Os noruegueses vão mais além e observam que o “Brasil mostrou na última década que é possível diminuir o desmatamento e, ao mesmo tempo, crescer economicamente. O importante agora é parar o desmatamento ilegal e continuar promovendo o desenvolvimento sustentável na Amazônia”. Os alemães rechaçaram qualquer tentativa de internacionalizar a floresta amazônica.

Mesmo não fazendo parte das atribuições de um governador, os líderes estaduais se encontraram com o embaixador da França no Brasil. A reunião serviu como uma forma de reaproximação dos dois países, depois de arranhões na reciprocidade da relação de ambos.

Wilson Lima, governador do Amazonas, viu uma postura bem receptiva do embaixador francês, mas este frisou a necessidade de maior alinhamento entre os governos federais do Brasil e da França.

Indo às compras

O governador Hélder Barbalho destacou o interesse vindo do Exterior em alugar créditos de carbono oriundos de propriedades privadas dentro da Amazônia. A proposta apresentada vai na direção de que as empresas paguem um certo valor, tendo como contrapartida o compromisso da preservação da área florestal que comprou.