João Pedro Stedile de 65 anos é um dos coordenadores mais conhecidos do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Ele concedeu uma entrevista ao portal UOL onde falou suas opiniões sobre a política atual. Segundo ele, nos últimos anos, houve uma diminuição significativa das ocupações de propriedades improdutivas (ociosas) nas regiões rurais do Brasil. Isso porque, segundo ele, há uma imensa preocupação com a violência. E isso vem fazendo muitos trabalhadores rurais a reverem se querem mesmo continuar na luta da reforma agrária.

Na entrevista, Stedile disse que nosso país está entrando em um período de letargia.

O dirigente do MST disse, que essa forma de luta não foi completamente, abandonada, mas existe em cada região uma melhor análise dentro da massa dos trabalhadores rurais. Essa revisão de comportamento, segundo Stedille, foi para eles não serem usados como bucha de canhão (usados politicamente). Segundo o dirigente do MST, em um plano muito mais amplo, a classe de trabalhadores brasileiros tem muito pouco se mobilizado contra as reformas que foram realizadas primeiro com o Governo do ex-presidente Michel Temer (MDB) e depois com o atual governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Na visão de Stadile, isto pode ter uma reviravolta, isso porque, “certamente” o povo brasileiro vai armar um levante muito antes do que pensa Bolsonaro, e ponderou dizendo, que no futuro nos aguarda um levante muito parecido com o do Chile.

Segundo Stadille, Bolsonaro não tem base nem social e nem das Forças Armadas para fazer a repressão dos eventuais protestos que podem ocorrer.

Segundo Stadille, não há nenhum dialogo entre o MST e o Governo Federal para se avançar a pauta de uma reforma agrária. Afirmou ainda que o movimento está do lado certo e que o presidente Bolsonaro "irá para o lixo da história".

Sobre Lula

Na entrevista que concedeu ao portal UOL, Stedile também falou acerca do papel do ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está preso por causa do caso do Triplex.

Segundo Stedile, a trajetória do ex-presidente sempre seguiu com a luta das Diretas (redemocratização), e com a Constituinte e com todas as lutas que ocorreram logo depois.

Para Stedile, o ex-presidente Lula é, na verdade, uma expressão e ao mesmo tempo, uma simbologia. Na visão de Stedile, Lula seria muito maior que a sua própria imagem. Ainda, o dirigente do MST comparou o ex-presidente como uma simbiose do povo brasileiro, e ressaltou, que se Lula for livre, vai cumprir o papel que "nenhuma outra pessoa poderá cumprir".