Deputados do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) protocolaram, na noite de quarta-feira (18), pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro por crimes de responsabilidade. A iniciativa partiu dos deputados federais Fernanda Melchionna (RS), Sâmia Bomfim (SP) e David Miranda (RJ).
A alegação do texto, assinado também por vereadores e prefeitos do partido, bem como por intelectuais, artistas e líderes ativistas, é de que Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade por apoiar atos que pediram o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF) no domingo (15), e, em especial, por comparecer à manifestação em Brasília, contrariando recomendações de isolamento da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Tendo voltado dos Estados Unidos em um avião no qual grande parte da comitiva testou positivo para o coronavírus, Jair Bolsonaro devia ter permanecido isolado pelos 15 dias seguintes, período de incubação do vírus. Além de tratar a pandemia como uma histeria, o presidente cumprimentou e esteve em contato direto com centenas de pessoas nos atos, colocando em risco a saúde pública.
O partido também anunciou a denúncia do presidente à OMS e à Organização das Nações Unidas (ONU) por seu comparecimento e estímulo às manifestações que aglomeraram milhares de pessoas.
Segundo a líder do PSOL na Câmara, Fernanda Melchionna, a conduta irresponsável de Bolsonaro acaba por aprofundar a crise em vez de agir para atenuá-la.
Este é o segundo pedido de impeachment contra o presidente protocolado na Câmara; o primeiro foi realizado pelo deputado distrital Leandro Grass, do partido Rede, no dia 17.
Direção do PSOL critica iniciativa de deputados
Em nota, a direção do PSOL considerou se tratar de uma medida unilateral, que atropelou os debates internos em torno de qual seria a estratégia para se opor a Bolsonaro.
Segundo a Executiva Nacional da legenda, a prioridade deveria ser o combate ao coronavírus.
A nota explica, ainda, que mesmo havendo embasamento para realização de um pedido de impeachment, trata-se de um processo que leva tempo e que precisa ser construído em conjunto com toda a população. Para a Executiva Nacional, as medidas da oposição devem ser voltadas para a proteção dos mais vulneráveis, buscando propostas para amenizar as dificuldades que serão enfrentadas pelos mais pobres.
Nas redes sociais, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) declarou a apresentação de um projeto de lei emergencial propondo a suspensão da cobrança de contas de água, luz e gás para os trabalhadores mais pobres durante o período da crise, a fim de que sejam pagas posteriormente, em até 36 vezes sem juros e correção monetária.