O deputado distrital Leandro Grass (Rede-DF) protocolou em Brasília, nesta terça-feira (17), pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro, alegando crime de responsabilidade.

Segundo o documento elaborado por Grass, Bolsonaro praticou uma série de atos incompatíveis com o cargo que ocupa. No texto são citadas as alegações, feitas pelo presidente, de que as eleições de 2018 foram fraudadas, bem como o apoio às manifestações ocorridas no último domingo (15), com pedidos de fechamento do Congresso e pela instauração de um novo AI-5, além de se tratarem de uma ameaça à saúde pública, uma vez que aglomerações podem fazer com que o coronavírus se espalhe ainda mais rapidamente.

Grass critica ainda as declarações do presidente contra a jornalista Patrícia Campos Mello, as quais classifica como "indecorosas" e a determinação de que o golpe de 1964 fosse comemorado (algo que Bolsonaro fez em março de 2019).

Ao afirmar que o país está passando por grave crise econômica e que, diante da pandemia, o presidente ignora os protocolos recomendados pela Organização Mundial de Saúde e pelo seu próprio Ministério da Saúde, o deputado reforça que o país "não tem condições de superar essas crises com Jair Bolsonaro na presidência".

Alexandre Frota também deve protocolar pedido

Na segunda-feira (16), o deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP) disse que também deverá protocolar pedido de impeachment contra Bolsonaro.

De acordo com Frota, as manifestações apoiadas pelo presidente tinham como alvo os Poderes Judiciário e Legislativo, sendo de cunho antidemocrático. O deputado informou, ainda no final de fevereiro, que havia pedido a seus advogados a elaboração de um documento pedindo a impugnação do chefe do Poder Executivo, devido ao vídeo que este teria propagado, com claro conteúdo contra o Congresso, configurando crime de responsabilidade.

A denúncia de que o presidente teria compartilhado o vídeo foi realizada pela jornalista Vera Magalhães, que o recebera por uma de suas fontes no WhatsApp.

Na terça-feira passada, dia 10, Frota protocolou ainda um pedido, na Câmara, para que Bolsonaro apresentasse as provas que disse ter, de que as eleições haviam sido fraudadas.

Ex-aliado de Bolsonaro, Frota saiu do PSL após diversas tensões com o presidente e seus filhos.

A deputada estadual Janaína Paschoal, também eleita pelo PSL, discursou na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) a favor da saída de Bolsonaro da presidência. Declarando que havia se arrependido de tê-lo apoiado, a deputada classificou o ato deste domingo como "inadmissível". Para a parlamentar, o presidente deve renunciar ao cargo e deixar que Mourão assuma, pois não haveria tempo para um processo de impeachment tendo em vista a gravidade da crise no país.

Por conta de seus atos nas manifestações, contrariando as recomendações de quarentena por ter viajado juntamente com outras pessoas que contraíram o coronavírus, o PSOL anunciou que também irá denunciar Jair Bolsonaro à Organização Mundial de Saúde e às Nações Unidas.