Um dos grandes mistérios do momento atual do governo Jair Bolsonaro tem relação com o resultado dos exames feitos pelo mandatário nacional para o coronavírus. Exames cujos resultados o presidente tem feito esforço para não levar a público.

E mais uma controvérsia sobre o assunto surgiu nesta terça-feira (12) com a exibição do vídeo de reunião ministerial do dia 22 de abril, a mesma na qual Sergio Moro acusa Bolsonaro de ter feito pedido para mudar o comando da Polícia Federal visando abafar inquéritos contra os filhos do presidente.

Bolsonaro nega sofrer impeachment por não revelar exames

Numa das partes do vídeo, exibida no Instituto Nacional de Criminalística da PF, em Brasília, o presidente da República aparece comentando a pressão para revelar o resultado dos exames que fez para saber se teve ou não Covid-19, afirmando que não revelaria a público uma "porcaria de exame".

Segundo fontes que assistiram ao vídeo da reunião ao jornal O Estado de S. Paulo, Bolsonaro também fez menção a recusar que a negativa em tornar públicos os exames pudesse causar um pedido de impeachment. E até mesmo chegou a dizer que, se fosse necessário evitar um "golpe" contra si, iria pedir auxílio das Forças Armadas.

"Qual o motivo de ter impeachment por causa de exame de coronavírus?

Querem derrubar um presidente que não tem nada de corrupção, uma mácula sequer, meu Deus do céu!?", disse o presidente nesta terça no Palácio do Alvorada.

Pessoas próximas a Bolsonaro diagnosticadas

Os exames de Jair Bolsonaro foram feitos no dias 12 e 17 de março, após uma viagem oficial para os Estados Unidos. Da delegação que esteve com o presidente naquela viagem, cerca de 23 pessoas da comitiva foram diagnosticados com resultado positivo em exames para o coronavírus.

Destes 23, pessoas do entorno do presidente, como o Secretário de Comunicação Social da Presidência da República, Fábio Wajngarten e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, foram os diagnosticados com Covid-19, o que abriu suspeitas sobre se Bolsonaro contraiu ou não a doença.

O presidente jamais revelou os exames, mas apontou que os resultados destes teriam sido negativos.

Em entrevista à Rádio Guaíba, chegou a afirmar que "teria pego esse vírus aí", mas não teria demonstrado sintomas do coronavírus.

Jornal na Justiça por exames de Bolsonaro

O Estadão fez o pedido para que os exames de Bolsonaro fossem divulgados na Justiça, apontando que o presidente estaria cometendo "censura" ao esconder da imprensa e do público uma "informação de interesse público".

O jornal conseguiu, até agora, duas decisões favoráveis para a divulgação dos resultados, na Justiça Federal de São Paulo e no Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), mas o Superior Tribunal de Justiça (STJ) prontamente deu negativa para o pedido do Estadão, que está agora no Supremo Tribunal Federal (STF), sob a relatoria de Ricardo Lewandowski.