Nesta quarta-feira (27), a deputada estadual de São Paulo Janaina Paschoal (PSL) utilizou suas redes sociais para falar sobre toda a polêmica que vem se estabelecendo entre alguns apoiadores do presidente da República, Jair Bolsonaro, desde a deflagração da operação da Polícia Federal para investigar a disseminação de notícias falsas. O inquérito é comandado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e investiga a possível participação de nomes ligados ao governo federal na criação e no compartilhamento destas notícias.
"O Presidente foi eleito, precisa governar, precisamos de paz.
Esses apoiadores belicosos precisam recuar!", afirmou a deputada em sua primeira mensagem pedindo moderação. A deputada, que foi a autora do pedido de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff e é professora de direito na USP, afirmou que não é hora de se iniciar uma guerra contra o STF. Janaina chegou a afirmar que o inquérito possui diversas falhas e que cabe apenas aos acusados fazerem suas próprias defesas e demonstrarem estas fragilidades da investigação.
Em seguida ela afirmou que é necessário que se tenha moderação também em relação à figura do ministro do STF Celso de Mello, pois, segundo ela, todas as decisões do ministro foram técnicas e não houve nenhum erro na divulgação da reunião do presidente Jair Bolsonaro com seus ministros.
Peguem minhas últimas postagens. Vejam se eu não estou avisando que ninguém aguenta mais e vão encontrar um caminho para dar alguma estabilidade ao país. O Presidente foi eleito, precisa governar, precisamos de paz. Esses apoiadores belicosos precisam recuar!
— Janaina Paschoal (@JanainaDoBrasil) May 27, 2020
Peço, pelo amor de Deus, que não coloquem o Ministro Celso de Mello nesta confusão. Todas as decisões dele foram técnicas e comedidas. Nao houve abuso de autoridade na divulgação do vídeo!
— Janaina Paschoal (@JanainaDoBrasil) May 27, 2020
Inquérito inconstitucional
Os apoiadores do presidente da República têm vindo às suas redes sociais criticarem Alexandre de Moraes e acusarem a investigação de ser um inquérito inconstitucional.
Um daqueles que questionou a legalidade da operação foi o filho do presidente e vereador carioca, Carlos Bolsonaro. Carlos fez uma série de publicações em seu perfil do Twitter afirmando que haveria outros motivos para esta investigação que tem os nomes de vários deputados e lideranças bolsonaristas entre os seus investigados.
O que está acontecendo é algo que qualquer um desconfie que seja proposital. Querem incentivar rachaduras diante de inquérito inconstitucional, político e ideológico sobre o pretexto de uma palavra politicamente correta? Você que ri disso não entende o quão em perigo está!
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) May 27, 2020
Somos as pessoas mais atacadas diariamente nas redes sociais , bastando olhar nossas timelines, inclusive fisicamente, quando um ex-filiado do psol, esfaqueou Jair Bolsonaro. O caminho que se segue é o da entendida censura e o momento é extremamente “pertinente”.
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) May 27, 2020
Ataques pessoais
Outra pessoa que declarou o seu descontentamento e desferiu uma série de ofensas pessoais contra o ministro Alexandre de Moraes foi a ativista Sara Winter.
Sara gravou uma série de vídeos criticando o ministro, chamando os militantes a acamparem na frente da casa de Moraes e o xingando. A militante também chegou a gravar um vídeo chorando após ter o seu dinheiro em plataformas virtuais que utilizava para arrecadar fundos bloqueado.
Sara Winter dobra a aposta, chama o @alexandre de filho da puta e arrombado. E aí Alê, vai ficar desmoralizado mesmo?pic.twitter.com/s3nEgl15wB
— George Marques 🏡🇧🇷 (@GeorgMarques) May 27, 2020
Gabinete do Ódio
Muitos nomes ligados ao atual governo estão entre os investigados pelo inquérito e, segundo a imprensa nacional, estes seriam nomes ligados ao "gabinete do ódio". O "gabinete do ódio" foi o nome dado por uma parte da imprensa e pelos adversários políticos do presidente Jair Bolsonaro ao que, segundo eles, seria um grupo com grande influência no governo federal e que tem a missão de criar as informações falsas, detratando a honra e a imagem pública de adversários e ex-aliados do presidente.
Alguns ex-aliados do presidente Jair Bolsonaro já deram sinais de que o gabinete do ódio realmente existiria de forma informal, como é o caso do deputado federal paraibano Julian Lemos (PSL), que foi considerado o principal aliado de Bolsonaro na região Nordeste durante a campanha eleitoral e, após uma série de desavenças com os filhos de Bolsonaro, rompeu com o presidente da República, que era o seu grande padrinho político. Em uma entrevista concedida a um canal no YouTube, o deputado falou sobre a existência do "gabinete do ódio", quem seriam seus principais articuladores e como é a forma que os membros agem para destruir a imagem dos seus adversários.