Diante das incertezas dentro do Ministério da Saúde, mais uma baixa. O epidemiologista Wanderson de Oliveira, que ocupava o cargo da Secretaria Nacional de Vigilância em Saúde, anunciou que irá deixar o cargo a partir desta segunda-feira (25). Ele era o responsável pelo comando da estratégia brasileira de combate ao coronavírus.

O anúncio foi feito em e-mail encaminhado para os servidores do ministério. Wanderson já havia pedido demissão do cargo em abril, mas esta apenas se concretizará no começo desta semana.

Futuro ex-secretário diz que continuará ajudando

"Continuarei ajudando o ministro Eduardo Pazzuello e ao ministério da Saúde nas ações de combate à pandemia", disse Wanderson na mensagem, obtida pelo jornal O Estado de São Paulo.

"Nós somos da mesma instituição, que é o Ministério da Defesa. Para nós, missão dada é missão cumprida", completou o futuro ex-secretário, que durante 16 anos ocupou cargos e fez diversas funções no ministério.

Saída de Wanderson da Saúde seria em abril

A saída de Wanderson da secretaria de Vigilância em Saúde já estava definida desde abril. No ministério desde janeiro de 2019, o epidemiologista chegou a pedir demissão inicialmente em abril, quando houve a saída de Luiz Henrique Mandetta da pasta.

Mas decidiu mudar de ideia e ficar mais alguns dias no cargo buscando ajudar na troca de ministros.

O agora ex-secretário trabalhou junto ao sucessor de Mandetta na Saúde, Nelson Teich, durante sua passagem de menos de um mês pelo ministério. Segundo a mensagem enviada por Wanderson, a data final de sua saída seria definida apenas após o dia 20 de maio, no retorno das férias, já com Eduardo Pazuello no comando da pasta.

Nas conversas, o então secretário sugeriu que Gerson Pereira, diretor do departamento de Doenças Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, fosse o seu sucessor de forma interina. Não está definido se Pereira será o novo secretário oficialmente ou se outra pessoa ocupará a pasta.

'Mentor' do combate ao coronavírus na Saúde

Wanderson de Oliveira é considerado o principal 'mentor' da estratégia do Ministério da Saúde na 'guerra' contra o coronavírus no Brasil. O futuro ex-secretário foi o responsável por criar toda a formatação do plano adotado pelo governo para evitar a disseminação da Covid-19.

Wanderson esteve presente nas coletivas dadas pela pasta para atualizar os números e as movimentações para conter a Covid-19. E também é defensor das medidas de isolamento social que são duramente criticadas pelo presidente Jair Bolsonaro e que influenciaram nas saídas de Mandetta e Teich do ministério.

Em uma das passagens, o futuro ex-secretário chegou a afirmar que a proposta de isolamento apenas dos chamados grupos de risco, conforme deseja o governo, só seria possível sem déficit de leitos e de equipamentos usados no tratamento das vítimas.