O jornal Folha de S.Paulo entrevistou o ex-candidato à presidência da República Ciro Gomes, que concorreu às eleições de 2018. A entrevista com o principal nome do PDT foi publicada nesta quinta-feira (11), quando ele falou sobre o presidente Jair Bolsonaro e criticou Lula, afirmando que o petista só se movimenta se ele próprio for a estrela central.

Durante a entrevista, o ex-ministro defendeu o impeachment de Jair Bolsonaro, no entanto, afirmou que o respaldo jurídico está dado, mas na política ainda não há espaço para que isso ocorra. Ele e o seu partido estão desestimulando os protestos de rua, por conta da pandemia, mas ressaltou que esta hora chegará.

Ciro mencionou ainda que ele tem a responsabilidade, como homem público, de não colocar as pessoas em risco de se contaminar.

O ex-ministro está lançando o livro “Projeto Nacional: O Dever da Esperança”. Na publicação ele faz uma análise das propostas que fez durante a campanha eleitoral de 2018.

Ciro Gomes e a pandemia

No período da quarentena, Ciro Gomes esteve em casa realizando transmissões ao vivo pela internet, com jornalistas e influenciadores digitais.

Para Ciro, Bolsonaro quer distrair a opinião pública da pandemia e do desastre econômico. Segundo ele, a intenção é criar um campo de batalha, um caos para que a classe média, que está criticando ele hoje, comece a se assustar e peça ordem.

A hora de ir para a rua, de acordo com Ciro, será entre agosto e setembro. Ele também classificou a reabertura do comércio e a retomada de atividades como genocida e citou os governadores João Doria e Wilson Witzel, que usaram de um discurso a favor do isolamento e agora se equalizam com Bolsonaro.

Manifestos

Nos últimos dias surgiram manifestos em defesa da democracia, como Estamos Juntos, o Basta!

e o Somos 70%, criado pelo economista Eduardo Moreira. Ciro destacou a importância dos manifestos e do quanto é fundamental para sociedade civil brasileira se libertar e agir sem estar sendo cobrada de estar alinhada a este ou àquele grupo.

Segundo o ex-ministro, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que assinou um dos manifestos, vive uma situação delicada, pois Lula, ao falar que não será "Maria vai com as outras”, acaba por destruir qualquer possibilidade de Haddad de adquirir uma personalidade política.

Ciro esteve no último domingo (7) na GloboNews e participou ao lado de Fernando Henrique Cardoso e Marina Silva de uma entrevista com a jornalista Miriam Leitão. Na ocasião ele disse que era preciso "defender a democracia, e quem não vir é traidor". A fala para muitos foi vista como uma indireta ao ex-presidente Lula.

Ciro respondeu que Lula está atrapalhando a roda da história, se corrompeu e está destruindo o Partido dos Trabalhadores.

PT e PDT

Camilo Santana (PT), governador do Ceará, esteve no programa "Roda Vida", da TV Cultura, na última segunda-feira (8), e falou sobre a sua relação com Ciro e o PT. O petista manifestou a sua opinião em relação à atitude tomada pelo Partido dos Trabalhadores e de Luiz Inácio Lula da Silva de não aderir aos manifestos a favor da democracia.

Para ele, o ex-presidente Lula está equivocado.

Questionado sobre uma possível reconciliação de Ciro Gomes e Lula, Santana apenas disse que faria o que estivesse a seu alcance para que isso ocorresse. Na sua visão, Lula foi um dos melhores presidentes do Brasil depois da democratização e Ciro Gomes é um dos homens mais inteligentes que o país possui na política.