Houve uma mudança de tom no Governo Jair Bolsonaro no tema da vacinação da população brasileira contra o novo coronavírus.

A semana vem sendo marcada pela pressão que governadores e ex-ministros de governos anteriores para que haja celeridade na elaboração de uma campanha nacional de vacinação e a ampliação das opções de vacinas que possam ser incorporadas ao SUS.

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que é "provável" que a vacinação comece no Brasil em janeiro ou fevereiro do próximo ano.

Pazuello cogitou até a possibilidade de ser feita uma vacinação em pequena escala ainda no mês de dezembro, caso a vacina da Pfizer, já aplicada no Reino Unido e que o governo federal está em negociações para adquirir, obtenha o registro emergencial no Brasil.

Entretanto, depois de o ministro da Saúde ter apresentado o plano oficial do governo para a vacinação contra a Covid-19 na última quarta-feira (9), o general do Exército apresentou um arquivo com 18 páginas que não mostrava nenhuma data para a campanha de vacinação ou quais vacinas deverão constar do planejamento.

O esboço do governo apresenta objetivos genéricos e também mostra quatro fases iniciais que devem atender grupos mais vulneráveis.

Detentos

O esboço também mostra alterações controversas. Foi retirada do planejamento, por exemplo, a população carcerária dos grupos considerados prioritários para o recebimento da vacina.

Nas primeiras diretrizes apresentadas pelo Ministério da Saúde, os detentos ocupavam o quarto lugar entre os grupos prioritários.

Eles seriam atendidos depois de profissionais de saúde, idosos, indígenas e a população que sofre com comorbidades.

A nova proposta coloca no quarto lugar professores, trabalhadores da área de segurança e funcionários do sistema carcerário.

A nota enviada pelo governo para justificar a decisão afirma que o Brasil e o restante do planeta ainda não têm estudos relativos à taxa de transmissibilidade e letalidade que justifiquem a priorização de detentos.

Em audiência ocorrida no Congresso na quarta-feira (9), Arnaldo Medeiros, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, admitiu que somente na próxima semana deverá ser apresentado o plano final de vacinação.

Medeiros declarou que a pasta está fazendo uma revisão do planejamento, que acredita que na próxima semana o plano será apresentado e que Eduardo Pazuello havia feito uma apresentação "simbólica".

Até a semana anterior, o Ministério da Saúde trabalhava com a previsão de iniciar a vacinação somente em março e estava empenhado principalmente com a possibilidade de a vacina ser a de Oxford/AstraZeneca, além de vacinas do consórcio mundial Covax Facility.

A situação mudou nesta semana com a pressão dos governadores que começaram a planejar estratégias próprias de vacinação e adquirir imunizantes que já tenham sido liberados no restante do mundo.