Não está comprovado se a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) realmente criou supostos relatórios para auxiliar os advogados do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) no caso “rachadinhas”, pela Justiça do Rio de Janeiro. Para checar de fato se houve ajuda, é necessário que a Procuradoria-Geral da República (PGR) realize uma investigação mais ampla em torno das suspeitas e faça uma quebra de sigilo telemático para descobrir de fato se a Abin fez ou não os relatórios. As informações são do portal UOL.
Vários agentes que atuam na área judicial, desde juristas a e os próprios funcionários da Abin, afirmam que é impossível esconder algum erro que o órgão tenha cometido com a quebra de sigilo.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, também acredita que seja difícil que erros fiquem encobertos após a quebra de sigilo, no entanto para que essa operação aconteça, alguns entraves devem ser derrubados para prosseguir com a apuração.
A ministra Cármen Lúcia já solicitou que a PGR apure se realmente existem os relatórios divulgados pela revista Época. A atitude da ministra já representa um grande passo nas investigações.
A ordem deferida por Cármen Lúcia foi baseada na possibilidade da existência de várias infrações que podem ter sido cometidas pela Abin no caso dos supostos relatórios. Elas são prevaricação, advocacia administrativa, violação de sigilo funcional, crime de responsabilidade e improbidade administrativa.
O próximo passo a ser dado agora é da Polícia Federal que recebe a missão de agilizar ou não os procedimentos. O diretor-geral da PF é Rolando Alexandre de Souza, ex-funcionário da Abin e muito amigo de Alexandre Ramagem, o qual vem sendo acusado de ter feito os relatórios.
Flávio Bolsonaro está respondendo na Justiça sob a acusação de lavagem de dinheiro, peculato e organização criminosa.
Isso porque ele foi acusado de criar um esquema em que consistia na devolução de parte dos salários que eram pagos aos funcionários que trabalhavam em seu gabinete na Alerj. No entanto, o senador tem negado as acusações.
Instituições negam a existência dos relatórios
O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) disse em resposta ao Supremo Tribunal Federal (STF) que a Abin não criou os relatórios em questão.
Isso foi dito pela GSI mesmo depois que Flávio Bolsonaro afirmou que os relatórios existem.
A própria Abin também disse que não fez os relatórios para auxiliar a defesa de Flávio Bolsonaro no inquérito, mas admitiu que houve uma reunião entre os advogados de Flávio, Ramagem, o ministro-chefe da GSI, general Augusto Heleno e o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido).
Ao ser questionado sobre o conteúdo da reunião, a Abin disse que foi assunto totalmente regular e que segue todas as regras impostas pela GSI. O órgão ressaltou também que não trabalha à margem da lei, como foi citado pela revista Época quando divulgou os supostos relatórios.