O vídeo realizado pelo deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), em que o político apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ataca ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e que teve como resultado o mandado de prisão do parlamentar, teria sido gravado com intenção de agradar Bolsonaro e seu entorno com vista à eleição de 2022, afirma a colunista Juliana Dal Piva, do portal UOL.

Segundo a jornalista, pessoas próximas ao presidente da República e ao deputado federal informaram que Silveira não estava em alta com Bolsonaro e seus assessores mais chegados.

As discussões sobre as eleições de 2022 e as possíveis trocas de partidos teriam acendido o sinal amarelo sobre a fidelidade de Silveira ao bolsonarismo.

Lealdade

Dessa maneira, o parlamentar sentiu-se obrigado a mostrar lealdade ao ex-capitão do Exército e fez isso usando as redes sociais, atitude típica do bolsonarismo. Daniel Silveira então resolveu fazer um vídeo em sua casa para defender o general Villas Bôas, que estava protagonizando uma troca de farpas com o ministro do STF Edson Fachin.

No vídeo, que fez com que fosse preso, o deputado atacou, além de Fachin, outros cinco ministros do Supremo. Em um trecho do vídeo ele chegou a desafiar Fachin a prender Villas Bôas.

Segundo a coluna da jornalista Juliana Dal Piva, em um primeiro momento o vídeo foi bem recebido entre os bolsonaristas mais radicais, que compartilharam a gravação em grupos de WhatsApp.

Porém, não houve manifestação pública para colocar o presidente da República em rota de colisão com o STF. Os filhos do presidente Bolsonaro também mantiveram silêncio sobre o assunto.

Entre os bolsonaristas, o que se diz é que Silveira deve ter um ganho político entre esta ala mais extremista de apoiadores do presidente. Eles afirmam que Silveira pode até mesmo disputar a base eleitoral do deputado Hélio Lopes, amigo de Jair Bolsonaro.

Daniel Silveira e sua equipe estão registrando todos os passos de sua prisão, com gravações ao vivo até mesmo depois de ser preso. Foram realizados dois vídeos, um deles feito por Silveira em casa quando a Polícia Federal (PF) foi levá-lo à prisão e outro já dentro do IML (Instituto Médico Legal), em que o parlamentar discute com uma funcionária por ter se recusado a usar máscara.

O parlamentar bolsonarista foi levado para a Superintendência da PF no Rio de Janeiro. Ele está em uma cela da carceragem da corporação. Não se trata do mesmo lugar em que o presidente Michel Temer ficou quando ficou preso na unidade, pois presidentes têm prerrogativa para uso de uma sala de Estado. Temer ficou preso na sala do corregedor.