Segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, mudou a versão do Governo sobre o caso envolvendo a falta de oxigênio que gerou uma grande crise sanitária no Amazonas durante a pandemia no início de 2021.

Em depoimento à Polícia Federal no último dia 4 de fevereiro, Pazuello disse que não foi avisado sobre a falta do insumo no dia 8 de janeiro, afirma o jornal. No entanto, a AGU (Advocacia-Geral da União) afirmou ao STF (Supremo Tribunal Federal) que o ministro ficou sabendo da possível falta no dia 8 de janeiro, através de um e-mail que foi enviado pela fornecedora de oxigênio White Martins.

O documento recebeu a assinatura do ministro-chefe da AGU, José Levi.

Em seu depoimento, segundo o Estadão, o ministro disse que não recebeu nenhum documento oficial informando a situação e que a fornecedora de oxigênio não entrou em contato com nenhum dos representantes do Ministério da Saúde para falar sobre o assunto.

Pazuello diz que não foi informado sobre o colapso

Sobre a informação que a AGU passou ao STF ter sido informado no dia 8 de janeiro, Pazuello disse que a informação foi passada por um dos funcionários que atua na pasta, mas que o mesmo se equivocou ao fazer tal afirmação sobre o caso, disse o Estadão.

O ministro teria dito que lhe foi solicitado pelo governo do Amazonas 150 cilindros de oxigênio no dia 8, e no dia seguinte, o Ministério da Saúde já foi informado sobre a crise sanitária causada pela falta do insumo.

No entanto, afirmou que ninguém havia lhe informado sobre o risco eminente do colapso que ocorreu nesta mesma época que causou a morte de muitos pacientes que estavam sendo tratados por conta da Covid-19 e dependiam do insumo para respirar.

Em outro trecho do depoimento, Pazuello teria dito que o governo do Amazonas, Wilson Melo (PSC), falou que estava enfrentando um problema por falta de abastecimento do insumo no dia 10 de janeiro e depois se reuniu com funcionários públicos que atuam na área da saúde do estado para resolver o problema.

O depoimento faz parte do processo que vem sendo comandado pelo STF que apura possível omissão do governo sobre o combate ao coronavírus em Manaus.

Sobre estas informações, o Ministério da Saúde e AGU não se manifestaram.

Bolsonaro diz que STF proibiu o governo federal de atuar

O colapso no sistema de saúde de Manaus vem sendo investigado pela Justiça e já rendeu notícia-crime contra Pazuello e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que disse em sua defesa, durante o programa "Brasil Urgente", apresentado por José Luis Datena na TV Band, que o STF havia proibido o governo federal de atuar no combate à pandemia.

No entanto, a Corte rebateu essa narrativa do presidente dizendo que desde o início da pandemia havia informado caber a todas as instâncias de governo, inclusive à União, garantir a saúde dos brasileiros e combater o vírus em todo território do Brasil.