A Polícia Federal (PF) afirma ter desvendado o mistério sobre como o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) conseguiu estar com dois telefones celulares, mesmo estando preso. A corporação relatou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que câmeras de segurança registraram o exato momento em que dois assessores do parlamentar apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) entregaram a ele os dois telefones na prisão.

De acordo com o relatório da PF, "ficou explícito que houve conluio entre o deputado custodiado e seus assessores". Os smartphones foram achados na sala onde o parlamentar estava preso, na Superintendência da PF no Rio de Janeiro.

Um inquérito está investigando o caso. Agora, Silveira encontra-se preso em um batalhão da Polícia Militar (PM).

A assessoria do parlamentar divulgou uma nota em que afirmava que Daniel Silveira já prestou todos os esclarecimentos sobre como os fatos ocorreram. A nota também declarava que desde o momento de sua prisão, ele não havia sido revistado e também não teria havido a solicitação que seu telefone fosse entregue.

Parcial

A nota da defesa do deputado federal classificou o relatório da PF como parcial, pois, segundo o comunicado, o documento omite que não houve a revista pessoal de Daniel e também não teria acontecido a verificação dos pertences pessoais do político.

Ainda segundo a defesa do deputado, o relatório da corporação seria “tendencioso”, pois exibia uma imagem de um assessor de Silveira que estava apenas devolvendo o aparelho celular para o deputado, que anteriormente havia sido passado para o assessor para que este pudesse checar os grupos de trabalho do parlamentar.

Não teria havido em momento algum uma “entrada dissimulada de aparelho”, declarou a nota.

Prisão

Daniel Silveira está preso desde o dia 16 de fevereiro, por determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes. Um dia após a prisão, o plenário da Corte referendou a prisão do parlamentar por unanimidade. No dia 19 de fevereiro, a Câmara dos Deputados decidiu pela manutenção da prisão do deputado em uma votação que teve como resultado 364 votos a favor e 130 votos contra a prisão do parlamentar.

O deputado foi preso depois que divulgou um vídeo em que fazia apologia ao AI-5 (Ato Institucional 5), uma série de medidas de repressão aos direitos civis, e também pela defesa de destituição de ministros do Supremo, ambas pautas inconstitucionais.

A Polícia Federal argumentou que as imagens mostram sem sombra de dúvida que André Rios, advogado do parlamentar, viu quando os telefones foram entregues a Silveira.

O relatório afirma ainda que o deputado reclamou da apreensão de seus aparelhos e fez “alegações sem fundamento”.

Em seu depoimento, o deputado alegou que pediu o telefone para exercer seu direito de telefonar para sua família e que solicitou para um dos presentes na sala, que estava lhe visitando, o telefone que estava com um deles. Daniel Silveira não quis responder quem lhe repassou o aparelho. Silveira também disse que um policial havia lhe autorizado a fazer uma ligação e que abre mão de seu sigilo telefônico.

A PF, no entanto, declarou que o parlamentar não entregou as senhas de seus aparelhos telefônicos. Os agentes da lei também informaram haver contradições nas falas de Silveira, pois Mário Sérgio de Souza e Pablo Diego não confirmaram que foram os responsáveis por entregar os aparelhos a Silveira. Segundo a PF, até o momento não há indícios da participação de agentes da corporação no caso.