Em seu depoimento na última quinta-feira (13) à CPI da Covid no Senado, Carlos Murillo, CEO da Pfizer, afirmou que o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) participou de uma reunião da empresa farmacêutica no Palácio do Planalto. Segundo ele, no encontro estava presente também o ex-secretário de Comunicação do Governo, Fabio Wajngarten.
Segundo Murillo, depois de algo em torno de uma hora de duração, Fabio Wajngarten saiu da sala para atender a uma ligação.
Minutos depois de seu retorno à reunião, entram Filipe Garcia Martins, então assessor internacional da Presidência da República, e Carlos Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro.
Wajngarten então atualiza os dois recém-chegados, Filipe e Carlos, sobre as informações que foram passadas pela Pfizer.
A reunião à qual o executivo da Pfizer se referiu na oitiva no Senado é a mesma que o ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro citou em seu depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito na quarta-feira (12).
A reunião aconteceu em novembro. Wanjgarten declarou aos senadores que poderia contar nos dedos o número de vezes em que esteve com Carlos Bolsonaro.
Carta
Murillo também confirmou que a farmacêutica enviou uma carta ao governo federal no dia 12 de setembro, assinada pelo CEO.
O documento endereçado ao presidente da República, ao vice-presidente e a três ministros permaneceu dois meses sem resposta.
O CEO da empresa relatou ainda que o governo Bolsonaro ignorou três ofertas de aquisição dos imunizantes em agosto de 2020, três meses após o início das negociações (maio).
De acordo com os cálculos de Murillo, se o governo brasileiro tivesse aceitado um dos acordos, o Brasil teria recebido até o primeiro trimestre de 2021 por volta de 18,5 milhões de doses --até o momento o país recebeu 2,2 milhões de doses da vacina. As primeiras remessas teriam chegado no mês de dezembro de 2020, segundo o cronograma inicial.
Diante das informações prestadas na CPI por Carlos Murillo, que confirmou aquilo que já havia sido relatado pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que em seu depoimento aos senadores afirmou que Carlos Bolsonaro participava de reuniões no Planalto sobre questões relacionadas à Saúde, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) apresentou um requerimento para que o filho de Jair Bolsonaro seja convocado para prestar depoimento à CPI que investiga as ações e eventuais omissões do governo na gestão da pandemia.
Em seu pedido, o senador afirmou que é necessário que o vereador do Rio de Janeiro e também Filipe Garcia Martins esclareçam qual foi o papel deles na reunião, assim como também respondam se participaram em outras reuniões do governo sobre assuntos relacionados à pandemia.