Com certeza, abril foi o mês em que os paulistanos menos abriram seus guarda-chuvas com dias mais ensolarados e secos. A precipitação total de chuva para o período foi de somente 7,4 mm. Segundo informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), foi o quarto abril menos chuvoso, sendo superado pelos anos de 1978, 2000 e 2016.
Normalmente, o total do índice pluviométrico que se espera para abril fica em torno de 82,1 mm e, como se está na época de outono, estação do ano mais seca e de temperaturas amenas em relação ao verão, a tendência para maio não deve diferir muito do que se observou no mês anterior.
No meio do caminho
Este é um fenômeno observado entre o estado de São Paulo e o sul de Minas Gerais. No itinerário, encontra-se o mais importante reservatório de abastecimento de água para a cidade de São Paulo e outros municípios da Região Metropolitana, o sistema Cantareira.
Considerando as médias de chuva para o referido sistema hídrico, deveria chover nesta área cerca de 86,6 mm em abril. Na prática, ficou bem abaixo da expectativa.
Aponta-se para uma matemática maluca, visto que o saldo final é bom para a população: graças ao excesso de chuvas que caíram em outros meses do ano de 2020, o sistema Cantareira está com 61,9% de sua capacidade.
Estação do ano mais úmida, o verão registrou a incidência de chuvas em 30% acima da média. Fevereiro foi o maior responsável por esse percentual. Só na cidade de São Paulo, registraram-se 49 dias com chuva durante o verão. É um alívio, se pensarmos que tudo está resolvido. Porém, é um alívio momentâneo.
Tanto o outono quanto o inverno são estações marcantemente predominadas pela falta de chuva, o que é natural para os meteorologistas e para os ciclos normais da Natureza.
O melhor conselho é se preparar para o que vem adiante: mesmo com fôlego, é possível que o Cantareira fique abaixo do aceitável em termos de volume, remetendo a uma falta de água nas torneiras e à necessidade de racionamento e de implantação de rodízio aos paulistas.
O que não será novidade, já que parte da população passou por isso algumas vezes nas últimas décadas. Dependendo da pouca quantidade de chuvas, não se descarta um estado de atenção.
Após a última estiagem sentida na Grande São Paulo, os sistemas hídricos foram e estão interligados. Eles podem sim ajudar um ao outro, evitando o problema da falta de água. No caso de se atingir um estágio crítico, o sistema Cantareira seria suprido por outros reservatórios.
Buscando a precaução, os especialistas recomendam economizar o uso da água e, quando usá-la, que seja de maneira consciente.
As projeções do Inmet para o outono no Brasil são de mais escassez na precipitação de chuvas, exceto nas regiões Norte e Nordeste.
Por que entrar em estado de atenção?
Existe um critério técnico para definir as condições de operação do Cantareira, conforme o nível de água encontrada no reservatório.
Se o volume de água for igual ou superior a 60% de capacidade, significa que o sistema está normal. Abaixo de 60% e igual ou maior que 40%, encara-se como estado de atenção. As outras denominações são: alerta (entre 30% e 40% de volume), restrição (entre 20% e 30% da capacidade) e especial (um volume total inferior a 20%).