O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou na última sexta-feira (29) que iria usar uma expressão que talvez seja um pouco pesada para um assunto que o deixa extremamente preocupado em relação à democracia mundial: o “totalitarismo tecnológico”. O chanceler disse no painel “Redefinindo Geopolíticas” que são vistos desafios para a democracia pelo planeta. O painel faz parte da versão online do Fórum Econômico Mundial (WEF, em inglês).

Também estavam presentes ao evento: Arancha Gonzalez Laya, ministra dos Negócios Estrangeiros, União Europeia e Cooperação da Espanha e François-Philippe Champagne, ministro da Inovação, Ciência e Indústria do Canadá. Segundo declarou Ernesto Araújo, o tema do totalitarismo não é exatamente uma questão da China contra os Estados Unidos, ou vice-versa. O que se sabe é que ninguém deseja um controle total, tem que se evitar o “controle totalitário”, disse Araújo que ainda acrescentou que não estava falando sobre nenhum país ou empresa em especial.

Borge Brende, o presidente do WEF, questionou o ministro sobre a importância do relacionamento do Brasil com os Estados Unidos, principalmente depois de passada a eleição.

Ernesto Araújo respondeu que qualquer mudança no país da América do Norte é relevante para o Brasil e para o restante do mundo. Segundo Ernesto Araújo, o Brasil, assim como os Estados Unidos, também está mantendo o foco nas mudanças climáticas. O chanceler brasileiro afirmou que “o principal são os fundamentos e a liberdade”, seja lá o que isso quer dizer.

Segundo o ministro, o Brasil está a favor de alianças que mostrem respeito pela democracia e negou que esteja havendo algum tipo de rejeição à alguma nação. Ele declarou que o Brasil é a favor das alianças e da democracia e que o país não tem nada contra determinados atores.

Araújo defendeu a existência de organizações como a Organização Mundial de Comércio (OMC), para que sejam criadas condições para haver uma competição independente de qualquer lugar onde os agentes estejam.

É preciso de diálogos em várias áreas, como exemplo ele citou o comércio eletrônico. Para o ministro, é importante que os países abram suas economias. Ele afirmou que o Brasil já está fazendo isso e acrescentou que os subsídios não fazem parte do plano.

De saída

Na última quarta-feira (27), o vice-presidente Hamilton Mourão chegou a afirmar que Ernesto Araújo poderia deixar o comando da pasta das Relações Exteriores após a eleição no Congresso, que irá se realizar na próxima segunda-feira, dia primeiro.

No dia seguinte, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desautorizou o vice e afirmou que dos 23 ministros que estão atualmente no Governo federal, somente um deles poderá ser trocado no momento, é alguém que está ocupando um espaço de forma interina.

Bolsonaro ainda se referiu a Mourão pelo vice ter dada a informação sobre Ernesto Araújo. O chanceler vem recebendo várias críticas por seu posicionamento belicoso contra a China em um momento em que o país necessita de insumos da superpotência asiática para a produção de vacinas contra o novo coronavírus.